Os filmes, as séries e os discos que vão fazer sua cabeça em 2024
Novidades, continuações, novas temporadas, cinebios musicais, discos-surpresa e reedições de clássicos do pop movimentarão o ano
Junto com um novo ano chegam as apetitosas novas opções de lançamentos de música, cinema e TV.
A leva de 2024 tem para todos os gostos – de continuações esperadíssimas de longas e séries a cinebios musicais, de discos-surpresa a reedições generosas de clássicos da música pop.
Conseguimos listar tudo que vai sair ao longo do ano? Claro que não. Mas aqui você tem um belo gostinho do que está por vir.
Haja tempo – e bolsos fundos – para tanto conteúdo. Mas sempre se dá um jeito.
Séries
Dentre as novidades, O Regime, na HBO Max, traz Kate Winslet como a líder de um regime autoritário num país imaginário da Europa. Na mesma plataforma, e com base no best-seller de Don McKellar, O Simpatizante, Robert Downey Jr. e Michelle Yoh estrelam uma mini-série de espionagem ambientada durante a Guerra do Vietnã. Alternando-se na direção, Fernando Meirelles, Marc Munden e Park Chan-wook (do eletrizante Oldboy).
A Amazon, por sua vez, mostrará a adaptação do jogo Fallout, a cargo da mesma dupla responsável pela série Westworld, Lisa Joy e Jonathan Nolan. Imagina-se que a plataforma espera um sucesso tão grande quanto o de outra adaptação recente de game, a de The Last of Us.
A oferta nas plataformas de streaming inclui uma fornada de continuações. A Casa do Dragão, desdobramento de Game of Thrones, será retomada. Embora sem data confirmada, espera-se que a Apple TV+ também disponibilize este ano a segunda temporada do excelente drama de ficção-científica Ruptura. Mas não tenha como certo.
Os mesmos criadores de Game of Thrones – David Benioff e Dan Weiss – estão à frente de uma série nova para a Netflix, o ficção-científica retrô-futurista O Problema dos Três Corpos.
Há refeituras de filmes antigos – ou melhor, reboots, versões novas que dão novo tratamento, tom e nuances. É o caso de Mr. & Mrs. Smith, filme de 2005 agora transformado em série para a Amazon, com Donald Glover e Maya Erskine nos papéis antes feitos por Brad Pitt e Angelina Jolie. E ainda tem John Turturro e Wagner Moura no elenco.
Filmes
Poucos filmes estão cercados de expectativa maior que aquela em torno de Coringa-Folie À Deux, com Lady Gaga (no papel de Harley Quinn) adicionada ao elenco encabeçado por Joaquin Phoenix. Ah, e você sabia que é um musical?
Outra continuação aguardada com interesse especial é Beetlejuice 2, quase 40 anos depois do mundo ter conhecido o filme original, com Tim Burton mais uma vez dirigindo Michael Keaton no papel-título do fantasma doidão, mais novatos como Jenna “Wandinha" Ortega integrando a nova escalação.
Três dos Caça-Fantasmas originais – Bill Murray, Dan Aykroyd e Ernie Hudson – unem-se a Paul Rudd e Carrie Coon no novo Apocalipse do Gelo. E a longa saga Planeta dos Macacos retorna às telas, pulando para o futuro – 300 anos adiante, para ser mais preciso – para mostrar o que aconteceu depois da recente trilogia estrelada por Andy Serkis.
O novo ano também verá – na Netflix – o quarto longa da série Um Tira da Pesada, com Eddie Murphy de volta ao papel do policial Axel Foley. Agora, ele ajuda a filha – uma advogada interpretada por Taylour Page – num caso envolvendo um criminoso que ela defende e, por isso, causa confrontos com o chefe da polícia (Kevin Bacon) enquanto Axel trabalha ao lado de um novo parceiro (Joseph Gordon-Levitt).
Enquanto isso, a HBO Max exibirá a segunda parte de Dune, a adaptação de Denis Villeneuve para a obra literária de Frank Herbert. Cristopher Walken, Florence Pugh e Austin Butler passam a integrar o elenco, que traz, novamente, Zendaya e Timothée Chalamet.
Duas cinebios musicais marcarão 2024: a de Bob Marley (One Love, com Kingsley Ben-Adir no papel principal) e a de Amy Winehouse (Back to Black, estrelada por Marisa Abela).
O Senhor dos Anéis ganhou filme de animação – A Guerra de Rohirrim, com estreia prevista para o final do ano. E na Disney + Mufasa protagoniza um desdobramento do clássico O Rei Leão.
Por fim, Kevin Costner conseguirá mostrar o início de um projeto que vem desenvolvendo desde 1988, a saga faroeste Horizon, espalhada por três longas.
Discos
Uma retomada interessante de se ouvir será a do MC5, que não lança discos desde 1971. O novo Heavy Lifting, capitaneado por Wayne Kramer, guitarrista da formação original do legendário grupo de Detroit, e produzido por Bob Ezrin, pretende mostrar o som da banda hoje, com participações de Don Was (no baixo), Tom Morello, Slash e Vernon Reid (nas guitarras), e Abe Laboriel (da banda de Sir Paul).
Dan Auerbach sossegou o facho de produtor e artista solo para se dedicar a mais um álbum do Black Keys. A lista de convidados para o que ele descreveu para a revista Uncut como "um disco de festa” inclui Alice Cooper, Beck e Noel Gallagher.
Por sua vez, Nick Cave promete para 2024 uma volta de sua banda, The Bad Seeds, com um álbum de músicas recém-gravadas.
Não se surpreenda se sair um disco novo do Pearl Jam produzido pelo mesmo Andrew Watt que reenergizou os Rolling Stones. Afinal, o jovem guitarrista já trabalhou com Eddie Vedder, vocalista do grupo, em seu mais recente álbum solo.
No Brasil, Ritchie lançará, possivelmente em março, seu primeiro disco de inéditas desde 2002. Incluirá no álbum também algumas regravações de seus sucessos, combustível para a turnê vitoriosa que fez no ano passado, reconquistando velhos fãs e se apresentando a novas gerações que possam ter ficado imunes a “Menina Veneno” ou “Mulher Invisível”.
Os Racionais MC também mostrarão material novo em seu quinto disco de estúdio, programado para 2024. Assim como João Bosco, cujo novo álbum será o primeiro de inéditas em sete anos.
O infatigável Paul McCartney pode lançar música nova em 2024 também. E produzido por Andrew Watt! Embora relate-se que outros produtores estariam envolvidos nas gravações do que comporia um álbum de inéditas. O mesmo se espera do guitarrista David Gilmour – pelo menos, é o que insinuam postagens da esposa nas redes sociais.
E, quando menos se esperava, mesmo depois de ter anunciado sua aposentadoria após o término da longa turnê Farewell Yellow Brick Road, Elton John teria gravado na encolha todo um novo álbum junto com Brandi Carlile – a maior responsável pela retomada de carreira de Joni Mitchell – e o disco sairia até o fim do ano. A fonte da informação é boa: Pete Townshend, numa entrevista para o site Clashmusic. A ver. E a ouvir.
Ainda haverá relançamentos de peso, todos envolvendo ex-Beatles – e mesmo os Fab Four! Band On The Run – de Macca e sua banda Wings – ganha versão “nua e crua”, semelhante ao que foi feito com Let It Be, com as faixas despidas de overdubs ou adornos sonoros incluídos no disco original, de 1973. Vem aí, também, um caixotão com seis CD’s dissecando Mind Games, o álbum solo lançado por John Lennon em 1973, que já tinha sido remasterizado em 2010. Rubber Soul ganhará versão deluxe, com mixagens em Dolby Atmos. E o legendário Concerto Para Bangladesh, organizado por George Harrison em 1971 para ajudar seu amigo Ravi Shankar, que reuniu num mesmo palco gigantes do rock como Bob Dylan e Eric Clapton, e é considerado um marco no formato de shows beneficentes – como o próprio Live Aid, mais de uma década depois –, será revisitado em nova tiragem.
E já que falamos de Stones lá em cima, sai em março um box set com a íntegra do show que a banda fez no histórico Wiltern Theatre, em Los Angeles, em novembro de 2002, como parte da turnê Licks. O setlist inclui clássicos pouco tocados – como “No Expectations” e “Stray Cat Blues” – e preciosidades únicas – uma participação do mestre do blues Solomon Burke numa versão incendiária de "Everybody Needs Somebody To Love”.
O foco é em Dalí. Obra de Graciliano Ramos entra em domínio público – e a guerra começa. Elvis vive – como holograma. O meio século do Ilê Ayiê. Adeus às rádios AM. E David Bowie, quem diria, virou rua – em Paris.
– Se 2023 foi o ano de celebrar a obra de Picasso, a pretexto dos 50 anos de sua morte, em 2024 o foco na Espanha é em Salvador Dalí. É quando são comemorados os 120 anos de nascimento do mestre catalão do surrealismo. A partida já foi dada pela Gala Salvador Dalí Foundation, sediada em Figueres, ao trazer do Kelvingrove Art Gallery and Museum, na Escócia, a obra “Cristo”, pintada em 1951. Exibida cercada de uma reprodução da cenografia idealizada pelo próprio artista, a pintura ganha uma força adicional graças a uma iluminação especial. Segundo Estrella de Diego, do diário El País, “se é verdade que o 'Ano Picasso’ serviu para falar de gênero e para devolver Picasso a sua vida cotidiana na Espanha, talvez a comemoração de Dalí sirva para repensar sua extraordinária atualidade”.
– Enquanto isso, os 70 anos da morte de Graciliano Ramos – um dos principais nomes do modernismo brasileiro na literatura – estão gerando uma crise entre o mercado editorial e a família do autor. Como as obras de Graciliano passaram agora ao domínio público, diferentes editoras competem pela publicação de novas versões de clássicos – como Vidas Secas (de 1938) e Memórias do Cárcere (de 1953) – , mesmo sem autorização da família. Também podem vir a sair artigos, contos e até poemas inéditos de Graciliano, que se considerava um mau poeta, conforme diz Ricardo Ramos, neto do escritor. Seria, para ele, “uma sacanagem enorme”. No entanto, segundo a lei, a família não teria mais controle algum sobre a questão. Os herdeiros de um escritor detêm direitos sobre sua obra apenas nos 70 anos após sua morte.
– Elvis vive. Ainda que seja sob a forma de hologramas. Em novembro, estreia, em Londres, o espetáculo Elvis Evolution, produzido pela Layered Reality, que promete "extrapolar os limites entre a realidade e a fantasia” com uma apresentação do cantor que terá um final “de cair o queixo”. Haverá, ainda, um “programa casado”, com a inauguração, também, de um restaurante temático, que oferecerá música ao vivo, além de comida e bebida. A nova atração – cujo palco ainda será anunciado – segue o mesmo caminho trilhado por espetáculos como ABBA Voyage, protagonizado por avatares da famosa banda pop sueca.
– Embora a data principal seja em novembro, os festejos pelos 50 anos do Ilê Aiyê – o primeiro bloco afro do Brasil – já começaram em Salvador, na semana passada, com uma participação durante a lavagem da escadaria do Bonfim, e continuam com uma apresentação, agendada para o final do mês, no Festival de Verão de Salvador. Caso obtenha-se patrocínio, virão, ainda, o lançamento de um caixote com cinco CD’s – quatro com músicas de cada década de existência do grupo e um dedicado apenas a músicas exaltando as mulheres – e uma grande festa, a ser agendada.
– No primeiro dia do ano saíram do ar todas as rádios AM do país. Joaquim Ferreira dos Santos escreveu para O Globo uma carinhosa despedida à “amplitude modulada que inventou o Brasil que se conhecia até então”.
– David Bowie ganhou nome de rua em Paris, na segunda-feira, 8/1, dia em que completaria 77 anos. É uma rua de apenas um (longo) quarteirão, no 13º arrondissement, onde ficam as atuais sedes do diário Le Monde e do semanário l’Obs, mas que a gestão regional promete ganhar maior destaque quando for inaugurada uma nova ponte. Paris foi a cidade escolhida por Bowie para fazer suas primeiras apresentações fora do Reino Unido, em 1965.
PLAYLIST FAROL 65
Duas potências do rock de Manchester unem forças. Wilco regrava Bowie. Macca e Wings sem penduricalhos. O pop-rock de raiz de Mary Timony. O prog reverente de Tiger Moth Tales. A mixtape de Auréh com o ‘guitarreiro’ Luiz Vagner. O modernismo de Garoto. Hannah Kaminer faz Americana de responsa. Youth Lagoon é americano, mas soa europeu. E toda a força do Family.
Liam Gallagher, John Squire– “Just Another Rainbow”– Duas potências do rock de Manchester – Liam, a voz do Oasis, e John, a guitarra do Stone Roses – unem forças num single tinhoso, prenhe de efeito caixa Leslie, que abre com marra o novo ano (e a primeira playlist do FAROL em 2024).
Wilco – “Space Odditty”– Uma versão do clássico de David Bowie, gravada ao vivo no ano passado, serve para uma comemoração dupla. Lançada no dia em que o Thin White Duke teria celebrado 77 anos, a faixa faz parte de um álbum em homenagem ao programa de rádio Mountain Stage, transmitido há 40 anos pela emissora de rádio pública de West Virginia, nos Estados Unidos.
Paul McCartney, Wings – “Band On The Run”– A primeira amostra da versão espartana, sem overdubs, do clássico álbum de 1973, que sai no início do mês que vem, é logo a faixa-título.
Mary Timony – “Dominoes”– Veterana do rock indie e do punk dos Estados Unidos – ela tocou no Wild Flag, por exemplo – a americana chega a seu quinto álbum individual fazendo um pop-rock de raiz irresistível, contagiante.
Tiger Moth Tales – “Hygge“ – Uma descoberta tardia, mas muito merecedora de registro. O projeto do britânico Peter Jones soa como um disco inédito do Genesis feito no auge de sua formação clássica, com Peter Gabriel nos vocais. Faz sentido, portanto, que o nome adotado para o projeto tenha sido emprestado de uma faixa solo de Steve Hackett, ex-guitarrista da banda.
Auréh, Luiz Vagner – “Obrigado Guitarreiro”– E por falar em guitarristas, o DJ gaúcho Auréh preparou mixtapes utilizando a guitarra de Luiz Vagner, músico negro de Bagé, no Rio Grande Sul, pioneiro do rock e do reggae e craque do samba-rock.
Garoto – “Príncipe”– O compositor e violonista paulistano Aníbal Augusto Sardinha – ou Garoto, como tornou-se conhecido – morreu cedo, aos 40 anos, em 1955, mas seu impacto foi muito grande, no que diz respeito a seu instrumento. Modernista, ele explorava acordes pouco comuns e influenciou gerações. Aqui, eletrificado, ele emprega o estilo da guitarra havaiana.
Hannah Kaminer – “Broke Down Girl" – Em seu terceiro álbum, Hannah, de North Carolina, faz Americana de responsa, com referências a The Band e um solo de guitarra lap steel, a cargo de Jackson Dulaney, que de certa forma ecoa George Harrison.
Youth Lagoon – “Football” – O cantor-compositor Trevor Powers é do interior dos Estados Unidos – Boise, Idaho, mais precisamente – , mas seu projeto Youth Lagoon, reativado após oito anos em hibernação, tem um jeitão cosmopolita e estiloso que o situa mais próximo à Europa.
Family – “Coronation”– Em 1972, o grupo britânico estava no topo de sua forma e lançou um álbum que ajudou a solidificar sua posição de destaque no rock progressivo: Bandstand, vendido numa embalagem que reproduzia o perfil de uma televisão antiga. Não estamos nos referindo ao prog que vem à cabeça hoje, de temas instrumentais elaborados e letras esotéricas, mas a um rock sem fronteiras, por isso progressivo, que misturava sintetizadores na hora de fazer blues elétrico, capaz de combinar bandolim, rabecas, vibrafone, piano elétrico e guitarras para apoiar a voz rascante, viril (mas, ocasionalmente, vulnerável) de Roger Chapman. Saiu agora uma nova versão do excelente álbum, remasterizado e recheado com preciosidades extra, como outtakes do disco original e gravações ao vivo, direto dos estúdios da BBC.