O U2 olha no espelho retrovisor, faz um balanço de carreira e busca novos caminhos – de novo
Um álbum de releituras, um novo documentário e uma série de shows em Las Vegas fazem de 2023 o ano em que o grupo se reencontra consigo mesmo para traçar um novo futuro
Quarenta e três anos separam o álbum Boy, que lançou o U2 de maneira espetacular para o mundo, da nova coleção de releituras do repertório do grupo irlandês, Songs of Surrender, que sai hoje, 17/3.
E em 2023 Bono, The Edge, Larry Mullen Jr. e Adam Clayton chegam não a uma encruzilhada, necessariamente, mas a um momento de reflexão e, de certa forma, de reinvenção.
Talvez não uma transformação radical como a operada em 1991, quando Achtung Baby apresentou a banda repaginada e rejuvenescida – não mais um grupo pós-punk calcado em guitarras e hinos rock que vinha se enraizando na música americana e reproduzindo os mesmo clichês de astros de rock que sua existência combateu, mas agora um U2 muito mais moderno, empregando elementos mais rítmicos e eletrônicos, mais experimental e capaz de não se levar tão a sério o tempo todo.
Mas o que está acontecendo agora é uma mudança, mesmo assim.
O U2 abriu um espaço para se reconciliar com todo seu passado artístico, por meio de um livro de memórias (escrito por Bono) e de um álbum interconectados, nem que seja por uma palavra no título: surrender (entrega, ou rendição, em português).
Organizado por The Edge, o novo álbum revisita o repertório que seus integrantes construíram quando jovens para reinterpretá-lo com a distância e a experiência de toda uma vida, com o auxílio de colaboradores de longa data, como Brian Eno e Daniel Lanois (dessa vez convocados não para produzir, mas para cantar) e co-produção de Bob Ezrin, conhecido por seu trabalho com Kiss, Pink Floyd, Lou Reed, Peter Gabriel e Alice Cooper.
A edição “normal” do disco pode ser considerada restrita, uma condensação do projeto completo, mas a versão super deluxe traz quatro CD’s (ou volumes) intitulados, cada um, com o nome de um dos integrantes do U2 que tem mais peso ali, e contendo 10 faixas, dispostas não em ordem cronológica, mas temática. O álbum começa com “One”, de Achtung Baby (1991), e fecha com “40”, de War (1983).
As releituras trazem, por exemplo, violoncelos no lugar de guitarras em “Vertigo”, de How To Dismantle An Atomic Bomb (2004), e “Dirty Day”, de Zooropa (1993). Ou um duo de baixos tocado por Edge e Larry Clayton numa nova versão de "The Fly”, também de Achtung Baby.
"Pride (In The Name of Love)", de The Unforgettable Fire (1984), marco do auge do mergulho do U2 na cultura dos Estados Unidos, uma canção potente, feita para ser amplificada em ginásios e estádios, ganha contornos intimistas, quase sussurrada boa parte do tempo, para só explodir nos segundos finais. O mesmo se dá com “With Or Without You”, faixa de The Joshua Tree (1987).
Letras de músicas antigas foram mudadas para se adaptar ao estágio de vida dos músicos e uma canção como “Where The Streets Have No Name”, impulsionada por guitarras, perdeu o instrumento que era uma de suas principais características, e ganhou contornos de prece.
A impressão é de que o U2 – ou, pelo menos, The Edge – estava disposto a testar as possibilidades de suas próprias músicas e de seus próprios talentos, “conspurcando” seus clássicos de propósito, buscando novos caminhos para sons que há tempos fazem parte do DNA do rock.
Ou, então, trata-se simplesmente de um grupo de homens de meia idade visitando por uma última vez sua juventude antes de se despedir dela.
Curiosamente, dois quartos do U2 não participam de alguns dos projetos planejados para a banda este ano. A Disney + exibe, a partir de hoje, sexta-feira, o documentário Bono & The Edge: A Sort of Homecoming, onde eles passeiam por sua cidade-natal, Dublin, junto com David Letterman, apresentam versões de suas músicas – e rememoram, sozinhos. Note que o doc nem leva o nome do grupo, mas os de seus integrantes mais famosos.
Além disso, nos 12 shows que o U2 fará, a partir de setembro, para inaugurar um novo local de shows em Las Vegas, The MSG Sphere, o grupo tocará desfalcado do baterista Larry Mullen Jr., logo o fundador original, aquele que lançou a pedra fundamental da banda e saiu escalando músicos para integrá-la. Ele está fora de ação por conta de uma cirurgia de coluna. Em seu lugar estará o baterista holandês Bram van Den Berg, do grupo Krezip, de pop-rock.
O show de Vegas leva o nome de U2:UV Achtung Baby. E, embora não signifique que o disco clássico será tocado do começo ao fim, em sequência, ou que outras músicas, de outros álbuns, não venham a ser tocadas, o tom dos espetáculos será, novamente, de revisita ao passado e de releitura.
A passagem do U2 por Vegas pode torná-lo a atração mais bem paga de toda a história da cidade. Estima-se que por show o grupo receberá 90% do valor de cada ingresso, o que elevará seu cachê a mais de um milhão de dólares por apresentação.
Em meio a essa remexida no passado, o U2 já prepara mais um recomeço e um caminho para o futuro – um álbum de inéditas, “de guitarra, barulhento, intransigente e irracional” (segundo Bono). “Não esperem que a gente vire AC/DC”, alertou The Edge à Rolling Stone. “Mas vamos tentar usar o instrumento da maneira mais revigorada possível”.
Vindo de um artista identificado por uma das assinaturas mais pessoais e inovadoras do instrumento, é uma declaração e tanto. E nos deixa curiosos com o que o futuro reserva ao U2.
Como se faz uma gravadora ideal? A rede de lojas Tower Records começa a reerguer-se. Um novo modelo de negócios para a Playboy. E a Geração Z se amarra num livro – de papel!
E mais …
– Um novo modelo de negócios para uma gravadora? É ao que se propõe a Gamma, empresa fundada por Larry Jackson, ex-executivo da Apple. Com os bolsos forrados de um bilhão de dólares obtidos com investidores como a própria Apple e a produtora A24, que lançou o recém-oscarizadíssimo Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, Larry oferece aos artistas a propriedade de suas obras, que ele simplesmente licenciará. Dessa forma, os artistas terão maior controle sobre seu trabalho. Já assinaram com a Gamma Snoop Dogg, Usher e Rick Ross. E Jackson também se encarregou de adquirir uma distribuidora – a startup Vydia – para levar a música de seus contratados para os serviços de streaming. Larry não é um novato no assunto: ele já trabalhou com dois gigantes da indústria fonográfica, Clive Davis e Jimmy Iovine.
– Enquanto isso, a Tower Records – que já foi uma das maiores cadeias de lojas de discos do mundo e em 2006 reduziu-se a um site, vergada sob o peso das vendas online e dos serviços de streaming – vai voltar a existir fisicamente. Ou quase. O novo Tower Labs será aberto no Brooklyn, em Nova York. Será "um espaço criativo” feito para "engajar e estimular fãs de música” com música ao vivo, audição de novos lançamentos e uma espécie de “bar secreto” para se desfrutar e adquirir discos em edição limitada e merchandise variado. Além disso, a Tower vai reativar, a partir de abril, sua revista, a Pulse, antes distribuída de graça nas lojas e, agora, em formato digital. A ideia é, em dando certo o projeto piloto do Brooklyn, outros espaços semelhantes serão abertos.
– E se a marca icônica de lojas de discos está de volta, ainda que em novo formato, por que não ressuscitar a revista Playboy? Pois isso já aconteceu. Mais ou menos. A veterana “revista de mulher pelada” – famosa também por suas extensas e profundas entrevistas – deixou de existir fisicamente em 2020, depois de 70 anos de atividade, mas agora é o ponto de entrada para uma nova plataforma digital semelhante à OnlyFans, onde criadores de conteúdo (em grande parte, de natureza sexual) disponibilizam fotos e videos mediante pagamento. Parte do conteúdo da nova versão da Playboy será gratuito mas, embora aceite imagens de nudez, excluirá pornografia. Tudo será produzido por "criadores emergentes” (um híbrido de colaboradores freelancer e influenciadores). A capa da primeira edição da nova revista será Amanda Cerny – descrita como modelo, atriz e ex-Playmate da Playboy – vestida como uma coelhinha futurista.
– A Geração Z (aquela formada por pessoas nascidas da segunda metade dos anos 1990 até em torno de 2015), quem diria, prefere livros de papel a e-books. É a conclusão de uma pesquisa feita pela empresa de consultoria McKinsey, que registrou um aumento de vendas de livros nos Estados Unidos e no Reino Unido. As compras americanas atingiram 843 milhões de unidades em 2021, um recorde. No ano passado, foram nada desprezíveis 789 milhões. Só que os compradores da Geração Z pesquisados optam por livros de papel na hora da compra: são 80% do total adquirido por eles no Reino Unido. Outra pesquisa, feita pelo Pew Research nos Estados Unidos, confirma as descobertas da McKinsey. Quase 70% dos respondentes com idades entre 18 e 29 anos disseram preferir livros de papel.
P&R (Pergunte a José Emilio Rondeau. Ele responde!)
"Filmamos contigo um ou dois clipes do Kid Abelha, no sensacional Hotel Quitandinha. Acho que um deles foi "Como Eu Quero”, para o Fantástico. Contaeeee JER, porque não lembro muito mais que isso” – George Israel, Rio de Janeiro
Na verdade, George, fizemos juntos três clipes, todos para o Fantástico – embora só um deles tenha sido rodado no Quitandinha. Não lembro de todos os detalhes, lá se vão quase 40 anos. Mas creio lembrar um pouco mais que você.
Para o clipe de “Por Que Não Eu?” ocupamos, sim, um enorme salão de bailes do chamado Palácio Quitandinha, construído em Petrópolis, no início da década de 1940, para ser o maior hotel-cassino da América do Sul. Em seu auge, por ali passaram personalidades como Carmen Miranda, Greta Garbo e Lana Turner. Naquele dia de 1984, com o hotel fechado ao público, um grupo carioca de rock (que ainda trazia "e os Abóboras Selvagens” em seu nome) era o dono do pedaço e iria gravar um clipe para a oitava faixa de seu álbum de estreia.
A ideia para o clipe traduzia de forma literal o título e o espírito da canção. Criamos três situações onde um personagem ficava frustrado ao ser preterido num momento de escolha ou ao constatar a impossibilidade de seu desejo se realizar: um aluno apaixonado pela professora (Paula Toller), um jogador (Bruno Fortunato) cujo técnico (George Israel) jamais o convoca para a partida de futebol, e um rapaz (Leoni) e uma moça (Paula, de novo), que penam num baile até encontrarem seu par – o final feliz do clipe.
Dividimos o salão em quatro espaços – um, para o vestiário dos jogadores; outro, para a sala de aula; um terceiro, para o baile … e um palco, onde todo o grupo gravaria a parte musical, dublando o acompanhamento de uma fita pré-gravada.
Já o clipe de “Seu Espião” foi registrado no antigo estúdio da Cinédia, em Jacarepaguá, e os músicos mais uma vez toparam encarnar personagens, dessa vez para brincar com a paranoia de um namorado ciumento (George), temeroso de estar sendo traído pela namorada (Paula). Sendo que o final do clipe mostrava que, no fundo, a namorada era igualmente ciumenta – e desconfiada.
De novo, montamos diferentes cenários – como um quarto de casal e um palco – e aproveitamos um dos camarins do estúdio para uma cena climática e engraçada de confronto entre o namorado e a namorada, enquanto ela, uma estrela famosa, está cercada de admiradores.
Mas, de todos, o melhor clipe que dirigi com o Kid Abelha foi o de “Como Eu Quero”.
Rodado durante uma noite fria na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, o clipe contou com criatividade, inspiração, cenografia, edição de primeira – e acidentes técnicos fortuitos. E me custou um tênis Nike maneiríssimo!
Ao contrário dos outros dois clipes, este mostraria apenas Paula cantando. Os demais integrantes apareceriam como “criações" da protagonista dominadora da canção, vivida no clipe por Paula, que os rascunhava num computador (raridade numa época em que eles ainda estavam longe de ser onipresentes no nosso dia a dia) e os descartava, quando não se satisfazia com o resultado.
Estes protótipos de homem ideal surgiam sob a forma de um playboy glamuroso (Bruno), um mauricinho de praia (Leoni) e um dançarino de break (George).
O homem "ideal” apareceria, finalmente, de maneira romantizada, quando ele (Leoni) e Paula se encontravam no meio da piscina da escola, emoldurada por tiras de neon (tremo só de pensar hoje no perigo que aquilo deveria estar oferecendo) magicamente “caminhando" sobre a água (repleta de pétalas de rosas) para um beijo final.
Numa fase em que todos os clipes (ou "musicais", como eram chamados) do Fantástico buscavam uma mesma estética – com o uso dos mesmos filtros de lente e dos mesmos efeitos de câmera e edição – o de “Como Eu Quero” utilizou outros recursos e outras linguagens que o aproximaram de um visual mais New Wave, europeu, até. As colunas e os arcos do pátio em volta da piscina da escola, os mosaicos do piso dos corredores, tudo ajudava a transportar quem estava assistindo ao clipe para algum lugar misterioso e "estrangeiro”.
Optamos por efeitos de imagem criados na mesa de edição – para que trechos do video tivessem textura de pintura – e tivemos a sorte de poder ter acesso ao equipamento então mais cobiçado na Globo: o Quantel, uma máquina inglesa revolucionária de edição não-linear, digital, que também criava efeitos especiais. Normalmente, somente a equipe encarregada das chamadas dos programas da emissora tinha acesso àquela maravilhosa fonte de possibilidades, mas, por graça dos deuses da tecnologia, conseguimos, literalmente, alguns minutos para criar alguma coisa ali para o clipe do Kid Abelha. Mas … o quê?
Em questão de menos de meia hora, talvez pouco mais de 15 minutos de uma madrugada, alimentamos o Quantel com imagens dos músicos do Kid “representando” e de Paula, em close, cantando num salão da escola – cercada de figuras geométricas, vestindo luvas e um chapéu art-deco/futurista meio Blade Runner, e envolta numa espécie de echarpe de tule –, e um técnico saiu criando no Quartel efeitos ao vivo, de improviso, quase por acidente, para aquilo. O que fosse, valia para nós. Depois a gente via o que usava e como.
A cada saraivada de digitações num teclado, Paula aparecia cercada de algo como raios irregulares e ondulações, e nós – o editor Ivo Alves, um mestre, e eu – não parávamos de emitir oh’s e ah’s de espanto com a mágica que estava sendo fabricada diante dos nossos olhos incrédulos.
Descemos com aquele material de volta para a ilha de edição e inserimos no clipe grande parte do que saiu do freestyle no Quantel.
Quando tudo terminou e estávamos satisfeitos com a edição final do clipe, Ivo e eu passamos algum tempo “lambendo a cria”, vendo e revendo o “musical", o melhor pensado, melhor gravado e melhor finalizado clipe que fiz em toda a vida.
Coda
E o tênis Nike "maneiríssimo”? Onde entrou nesse roteiro?
De tanto eu "desfilar" na passarela construída na piscina para simular o efeito de "caminhar sobre as águas”, o solado do tênis descolou, tornando-o imprestável.
E você? Quer fazer alguma pergunta a José Emilio Rondeau? Mande seu email para jer.farol@gmail.com.
Caso sua pergunta seja selecionada, a resposta será publicada numa edição futura do FAROL.
Bora perguntar?
PLAYLIST FAROL 28
Os 50 anos das Línguas de Cotovia do King Crimson (em dose dupla!). O soul vintage de Angel Olsen. Nia Archives mistura Inglaterra, Jamaica e Brasil. O afro-futurismo de Baaba Maal. O bolero catalão cósmico de NOIA. O country rock moderno de Wednesday. A parceria de Yusuf com o selo de George Harrison. E as despedidas de Theo de Barros e Servio Tulio.
King Crimson – “Larks' Tongues In Aspic (Parts I/II)”– A playlist começa com dose dupla (respectivamente, a abertura e o encerramento) do incendiário quinto álbum do principal veículo artístico do genial guitarrista Robert Fripp, lançado 50 anos atrás. Gravada com a quarta formação do grupo, essa sofisticada receita de "línguas de cotovia na gelatina” reúne os talentos do baterista Bill Bruford (então recém-saído do Yes), do baixista e vocalista John Wetton (pinçado do Family), do violinista e tecladista David Cross, e do percussionista/maluquete Jamie Muir. Robert e estes dois últimos vinham se apresentando como trio dado a improvisações e a entrada de John trouxe foco maior na composição de canções (como “Book of Saturday”e "Easy Money”, do mesmo álbum). Mas aqui concentramos na habilidade e na sintonia fina dos músicos como instrumentistas, capazes de transitar do lírico ao pesadíssimo em questão de segundos.
Angel Olsen – “Nothing’s Free”– Depois de ter realizado um álbum encharcado de sonoridade country, o elogiado Big Time, a cantora/compositora americana mergulha agora num clima soul vintage – ornado com saxofone e órgão Hammond – em uma das faixas do EP Forever Means, que sai em abril.
Nia Archives – “Baianá” – Inglaterra, Jamaica e Brasil se misturam no novo single da produtora e DJ britânica Nia, movido a jungle e drum and bass, com samples do grupo musical paulistano Barbatuques.
Baaba Maal – “Freak Out” – O veterano compositor senegalês uniu forças nesta faixa afro-futurista de seu 14º álbum, Being, com o grupo britânico The Very Best, no qual se destaca, especialmente, o cantor malauiano Esau Mwamwaya.
NOIA – “eclipse de amor” – Bolero cósmico, cortesia da catalã Gisela Fullà-Silvestre, baseada hoje em Nova York, com participação da dupla porto-riquenha Buscabulla.
Wednesday – “Chosen to Deserve” – Guitarras cintilantes em coro, costuradas por uma steel de colo elegante no primeiro single do excelente álbum de estreia do grupo de Asheville, na Carolina do Norte, Rat Saw God, indicando caminhos novos e interessantíssimos para o country rock feito no sul americano.
Yusuf/Cat Stevens – “Take The World Apart” – A parceria do ex-de novo-Cat com a Dark Horse Records, selo criado por George Harrison e hoje administrado pelo filho, Dhani, começou com uma regravação de “Here Comes The Sun” e continua com o lançamento, pela DHR, do primeiro single de King of a Land, álbum que Yusuf lança em junho. Produzido por Paul Samwell-Smith, baixista dos Yardbirds, o disco foi mixado no estúdio caseiro de George em sua antiga residência, Friar’s Park.
Jair Rodrigues – “Disparada”– Ao lado de Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte e Airto Moreira, o violonista, cantor e arranjador Theo De Barros (morto esta semana, aos 80 anos) formou o Quarteto Novo, focado em música instrumental. Mas sua marca forte foi deixada também por seu trabalho como compositor. É dele um dos grandes sucessos de Elis Regina, “Menino das Laranjas”, e com Geraldo Vandré ele escreveu “Disparada”, uma toada contemporânea perene, gravada por gente como Zé Ramalho, Yamandu Costa, Wilson Simonal e até Lobão. Mas é a versão original, de Jair Rodrigues – que defendeu a música no II Festival de Música Popular, em 1966, onde sagrou-se vencedora – que a imortalizou.
Saara Saara – “Quarta Dimensão” – O rock fluminense perdeu esta semana, aos 59 anos, o pesquisador Servio Tulio, cuja banda, Saara Saara, formada, na década de 1990, com o tecladista Raul Rachyd, fazia um pop eletrônico pioneiro , mas que acabou sendo pouco escutado fora do underground do Rio de Janeiro. Como radialista, Servio trabalhou como programador de música clássica em emissoras como Rádio MEC e Opus 90 FM.