O disco em que os Beatles se reinventaram
Considerado, por muitos, o melhor álbum de uma discografia brilhante, 'Revolver', de 1966, ganha remix que o amplia e realça todas suas qualidades
Em 1966, os Beatles tomaram uma decisão.
Seus shows tinham virado eventos públicos de idolatria onde a música era o de menos. Tanto fazia se tocassem bem ou mal. Ninguém conseguiria distinguir coisa alguma em meio à gritaria das fãs, que estavam ali para vê-los e adorá-los, em vez de ouvi-los. Sendo assim, os Beatles preferiram investir seu tempo e seu trabalho no estúdio de gravação, onde podiam aprimorar sua música e a si próprios.
A maior atração pop do planeta, a banda mais famosa do mundo, aquela para a qual as portas de todos os países estavam abertas, cuja rentabilidade ao vivo era incomparável, disse adeus aos palcos. Para sempre.
E o primeiro resultado dessa guinada foi Revolver, gravado durante três meses (de abril a junho de 1966) de extrema atividade nos estúdios de Abbey Road, onde John, Paul, George e Ringo – sempre com a sabedoria e a produção de George Martin a seu dispor e auxiliados pelo jovem engenheiro de som Geoff Emerick, ainda verde e disposto a tentar de tudo – testaram todos os seus limites e os das tecnologias existentes para reafirmar sua supremacia.
Revolver marcou o início de um período fértil de experimentação e evolução acelerada dos Beatles no estúdio. Nas palavras do pesquisador Mark Lewisohn, autor de uma variedade de livros sobre o quarteto, em um trecho de seu The Complete Beatles Recording Sessions, este "é o álbum que … mostra (o grupo) no pico de sua criatividade, construindo canções econômicas muito fortes e bastante incisivas com o uso de experimentação valente no estúdio. É um álbum que hoje (1980, época em que escreveu o livro) mantém sua vitalidade e seu frescor. É uma obra-prima pop”.
Na mosca. Cinquenta e seis anos depois de seu lançamento, Revolver permanece uma obra-prima pop transbordando o mesmo frescor e a mesma vitalidade apontados por Lewisohn.
Durante as 300 horas de gravação de Revolver (quase o triplo do tempo gasto com o álbum anterior, Rubber Soul) entraram no caldeirão música indiana, instrumentos e vozes reproduzidos de trás para frente, dobras artificiais de vozes, quartetos de cordas, efeitos sonoros inéditos e inventados especialmente para a ocasião, loops psicodélicos, microfones envoltos em camisinhas e mergulhados na água (verdade!) e a inspiração vinda das drogas do momento: muita erva e LSD.
Tudo feito para ser ouvido em casa – e com atenção. Tanto que os Beatles não viriam a tocar uma faixa sequer de Revolver ao vivo na derradeira turnê que fizeram, em agosto de 1966, meros dias depois do lançamento do disco – para muitos, o melhor de toda a carreira dos Beatles.
E, o mais extraordinário de tantos aspectos extraordinários do álbum, toda a expansão revolucionária em termos de criatividade de composição e técnicas de gravação obedeceu a uma rigorosa disciplina pop: nenhuma das 14 faixas de Revolver ultrapassa três minutos de duração. Nem mesmo a estonteante "Tomorrow Never Knows", a primeira a ser gravada – o que por si só já dava uma ideia de onde os Beatles queriam chegar – e a escolhida para ser o clímax do álbum.
A feitura de Revolver em todo seu esplendor pode ser agora melhor apreciada na reedição em versão super deluxe, que sai hoje, com o disco original remixado por Giles Martin e o engenheiro de som Sam Okell em estéreo e Dolby Atmos, mais uma riqueza de material inédito. São demos, versões alternativas ou incompletas de, por exemplo, “Yellow Submarine” (que nasceu bem mais sombria e melancólica do que a gravação final, com Lennon cantando que “no lugar onde eu nasci ninguém se importava"), “Doctor Robert” (a primeira referência no repertório dos Beatles ao uso de drogas), “Eleanor Rigby” (George Martin mostra a Paul alternativas para o arranjo de cordas, inspirado na trilha de Bernarrd Hermann para o filme Psicose, de Alfred Hitchcock) “Tomorrow Never Knows” (onde a voz de John foi enviada para uma caixa Leslie, equipamento normalmente usado para dar vibrato a órgãos, mas que serviu para reproduzir a ideia que ele havia tido de soar como o Dalai Lama cantando do topo da mais alta montanha), “Got To Get You Into My Life” (com guitarras distorcidas no lugar do naipe de metais que dá à música seu característico som de Motown), e “Rain” (gravada – para um single – em alta velocidade e depois desacelerada artificialmente para ganhar uma textura e um mistério especiais).
A nova remixagem de Revolver, por si só, já é causa para celebração. Porque Giles e Sam conseguiram operar milagres. Da forma como foi gravado, o álbum é composto de faixas abarrotadas pela soma de canais onde diferentes instrumentos se sobrepõem. Para se realizar uma remixagem é preciso ter acesso a cada elemento da gravação, isoladamente, o que, diante de um quadro como o de Revolver, seria impossível. Entrou em cena, então, a tecnologia desenvolvida pela equipe do diretor Peter Jackson para a feitura do documentário Get Back. Eles conseguiram identificar e separar diferentes componentes de áudio (originalmente, para destacar as vozes de John e Paul conversando em meio a um burburinho de instrumentos), o que permitiu que cada elemento de Revolver – do bumbo da bateria ao contrabaixo, às vozes de coros – pudesse ser separado e rearrumado no espectro sonoro de cada canção.
Assim, Giles pode reapresentar ao mundo Revolver, especialmente às gerações mais recentes, com sua sonoridade clássica preservada mas com um novo brilho e uma nova cristalinidade. Um trabalho que o ajudou, inclusive, a apreciar ainda mais mas qualidades do disco.
“Foi como mixar o trabalho de oito bandas diferentes”, disse Martin, dias atrás, ao músico Guy Garvey, em seu programa na rádio BBC 6. “Cada som de bateria é diferente do som usado na faixa seguinte. Quando encontravam uma solução sonora ou faziam uma nova descoberta técnica ou eletrônica (os Beatles) se certificavam de usar aquilo apenas uma única vez – e nunca mais”.
Revolver não seria completo sem a arte bolada por Klaus Voorman – artista plástico e baixista alemão que tornou-se amigo e colaborador dos Beatles durante as temporadas do grupo em Hamburgo. Klaus foi convocado para criar a capa para o disco quando ainda não havia um título definido (antes da decisão por Revolver, as opções eram Abracadabra, The Beatles On Safari e Magic Circles), com base apenas no que ouviu do álbum ainda em fase de produção.
Voormann percebeu que ali seus companheiros de tanto tempo estavam partindo para um novo patamar artístico e passou a buscar uma solução para a capa que demonstrasse essa progressão, mas sem assustar os fãs de primeira hora. Por isso, como disse à revista Mojo, requisitou uma variedade de fotos antigas de John, Paul, George e Ringo para misturá-las a uma ilustração em preto e branco onde a ênfase era na profusão de cabelos em cada integrante da banda, “porque aquilo naquela época era algo sensacional”. Juntou passado e presente – e apontou para o futuro.
"Eles estavam se aprimorando, ficando mais velhos, e no final iriam se dispersar, cada um indo para uma direção diferente”, explicou. "Era esse o momento na carreira deles que eu queria captar”.
Klaus recebeu apenas 50 libras esterlinas pelo trabalho – e hoje lamenta nas redes sociais que seu original está perdido, e pede auxílio a quem puder localizá-lo.
A tempo: além de todo o álbum remixado e dois CDs de raridades, o pacote super deluxe inclui a versão mono do álbum original, um EP remixado de “Rain” e “Paperback Writer” (gravadas durante a feitura de Revolver, mas editadas em compacto separadamente), a versão mono do álbum original e um livro de 100 páginas documentando a feitura do disco.
E mais …
Os 80 anos de Milton Nascimento. A despedida de um Novo Baiano. Microsoft quer brigar com Apple e Google por mercado de jogos online. O TikTok também. E o Festival Mix Brasil de Cultura de Diversidade agita São Paulo
– Os 80 anos de Milton Nascimento motivaram um infográfico criativo do jornal Nexo com a trajetória artística e pessoal de um dos artistas mais importantes e influentes da MPB, de seu nascimento, na Tijuca, bairro na Zona Norte do Rio de Janeiro, aos dias de hoje, quando está em sua turnê de despedida dos palcos, "A Última Sessão de Música". Adicionalmente, o jornal preparou no Spotify uma playlist especial dedicada à obra de Milton.
– Perdemos na semana passada Luiz Galvão, um dos fundadores, letristas, cérebros e corações dos Novos Baianos, morto aos 87 anos após uma temporada hospitalizado no Instituto do Coração, em São Paulo. Ao juntar o amor por poesia, samba e João Gilberto ao rock do grupo, ajudou a fazer a ponte entre a contracultura e a MPB, uma mistura que atingiu seu ápice no álbum Acabou Chorare, de 1972, a obra-prima do grupo.
– A Microsoft está pronta para disputar com a Apple e o Google o lucrativo mercado das lojas online de jogos eletrônicos para dispositivos móveis. Ela está criando uma loja online para jogos de celular e tablets da sua plataforma Xbox. Um dos primeiros passos foi adquirir, por 68.7 bilhões de dólares, a Activision Blizzard, criadora de títulos ultra-populares, como Call of Duty:Mobile. E o TikTok anuncia mês que vem seu próprio canal de games, segundo o Financial Times.
– A edição 2022 do Festival Mix Brasil de Cultura de Diversidade acontece de 9 a 20 de novembro, em São Paulo. Considerado o maior evento cultural LGBTQIA+ da América Latina, o festival reúne cinema, teatro, literatura, música e expressões transmídia, tudo em formato híbrido, com programação online e presencial. Entre as atrações está Close, premiado em Cannes, cujo diretor, Lukas Dhont, comparecerá para um bate-papo após a exibição de seu filme. Os 30 anos de realização do Mix Brasil ganharão um toque especial, apropriado ao século 21: parte de sua programação incluirá experiências de realidade virtual e aumentada.
– Já estão disponíveis na Netflix os quatro primeiros episódios de O Gabinete de Curiosidades de Guillermo Del Toro, nova série de terror criada e comandada pelo diretor mexicano de O Labirinto do Fauno, A Forma da Água e O Beco do Pesadelo. Para auxiliá-lo na direção dos episódios, cada um com duração de uma hora, convocou colegas de peso, como Jennifer Kent (O Senhor Babadock), Ana Lily Amirpour (Amores Canibais) e Panos Cosmatos (Mandy). Del Toro disse ao The New York Times que entrou no projeto como curador e fã do gênero, com a missão de destacar histórias e cineastas que ama.
– O Museu de Arte do Rio (MAR) abriga até 22 de janeiro a mostra itinerante da 34ª Bienal de São Paulo. Com foco em temas como arte indígena e escravidão, a exposição reúne obras de 13 artistas de oito países. Segundo detalhou a O Globo o curador-chefe desta edição da bienal, Jacopo Crivelli Visconti, cada recorte da exposição principal é pensado conforme a cidade ou instituição que receberá esses trabalhos, e o MAR foi escolhido por sua relação com abordagens artísticas sociais e étnicas.
Lado Z – Nas trincheiras do jornalismo musical, mundo afora, com José Emilio Rondeau
Cara a cara com George Harrison no Rio de Janeiro
Em fevereiro de 1979, quando eu era ainda um novato na profissão, George Harrison veio ao Brasil, acompanhando o piloto escocês (e tricampeão) Jackie Stewart, seu amigo e cicerone em São Paulo durante a disputa do Grande Prêmio de Fórmula 1 daquele ano.
Os Beatles haviam se separado uma década antes e George, entrado no sexto álbum individual desde a dissolução da banda, estava focado na corrida – e só. Atividades musicais ou encontros com a imprensa eram assuntos rigorosamente fora da agenda.
Dois repórteres do jornal O Estado de São Paulo – Laura Greenhalg e Castilho de Andrade – haviam conseguido entrevistar George num dos boxes da pista de Interlagos. Mas, oficialmente, nada estava programado.
Somente após muita insistência e hábil diplomacia de André Midani – chefão da WEA, a gravadora que lançava no Brasil os discos de Harrison – abriu-se um espaço para a imprensa no último dia de George por aqui, pouco antes dele partir para o Galeão e para fora do país. Ele daria uma exclusiva para o Fantástico e uma coletiva para alguns veículos – e nessa eu entrei, como representante da revista Pop.
Um ex-Beatle. O primeiro a visitar o Brasil. Imagine a excitação – e o nervosismo.
Foi um encontro curto (deve ter durado pouco mais de meia hora) e amigável num cômodo amplo do enorme casarão que a gravadora ocupava no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
George estava com 37 anos e numa de suas fases "de bigode”. Chegou sorridente, com uma fita de couro e pequenas contas em volta do pescoço fazendo as vezes de colar.
A impressão imediata que tive dele abriu o texto que escrevi para a Pop: "Harrison é agora um homem maduro, sereno e simples. Falar com ele foi como rever um velho amigo que nunca conhecera pessoalmente”.
Macaco velho, capaz de antever qualquer possível armadilha numa pergunta potencialmente maldosa de um jornalista, George manteve a guarda alta quase o tempo todo, mas soube entreter e esclarecer pontos importantes para ele.
"Em primeiro lugar, eu sou um jardineiro”, George logo disparou, desconcertando todo mundo. "Passo a maior parte de meu tempo, hoje, plantando: só em novembro, plantei mais de 50 mil mudas. Em segundo lugar, eu sou um compositor; em terceiro, um guitarrista; e, em quarto, um cantor. Essa é mais ou menos a ordem”.
Como a pergunta original tinha a ver com o envolvimento dele com o cinema e as corridas de automóveis, Harrison deu prosseguimento ao raciocínio. "Em minha vida, tudo aconteceu mais ou menos como num trampolim: tocar guitarra levou-me para a música, a música levou-me para os Beatles, os Beatles foram um trampolim para os discos, aí me envolvi com gente de cinema".
"Resolvi produzir (A Vida de Brian), o filme do (grupo britânico de humor) Monty Python, porque sou um fã deles, e quando os antigos financiadores se afastaram, eu entrei”, continuou. "Quanto às corridas, bem, eu gosto delas desde os 12 anos de idade, mas antes não podia ir a nenhuma, por causa da popularidade dos Beatles. Hoje posso, e vou”.
Os Beatles haviam entrado na conversa – e George não se esquivou do assunto.
Para ele, a transição de ex-Beatle para artista solo foi fácil. "Uma das razões da separação foi que todos nós escrevíamos um monte de músicas e gravávamos só três ou quatro”, explicou. "Era como ter prisão de ventre”.
Quando fez seu primeiro álbum-solo, o triplo All Things Must Pass, “pude, então, ir ao banheiro: o disco tinha 18 músicas, um alívio. Aliás, o Disco de Ouro que ganhei por ele está pendurado exatamente no meu banheiro! Trabalhar sozinho, então, foi fácil, já que eu tinha as músicas”.
"Com todo o respeito que tenho pelos Beatles”, continuou, "aquilo foi bom para aquele tempo, mas ... algumas pessoas, como Paul, têm necessidade de estar na televisão, nas paradas. Eu, não”.
A Caixa de Pandora estava escancarada. Fustigado por um dos jornalistas (não vou lembrar quem), que quis saber quando haviam começado as "más vibrações entre os Beatles”, George não deixou dúvidas. "Quando John se juntou a Yoko”, admitiu. “Antes, era muito bom, tudo. Havia turbulências, claro, passamos por coisas que ninguém imagina. Durante (a gravação de) Let It Be as coisas estavam péssimas. Eu deixei a banda durante as filmagens, já estávamos cheios de tanta Yoko. Ela estava tentando entrar para os Beatles,. Então, Paul arrumou Linda para se apoiar. Foi demais pra mim, elas estavam em todos os lugares".
"As pessoas pensavam que tudo era um mar de rosas. Mas nós vivíamos num inferno”, ele finaliza, com um sorriso sarcástico.
O interesse de George por assuntos espirituais mudou o tom da conversa. "Um dia, eu, John e nossas esposas fomos jantar. E John colocou ácido em nosso café. Nós não sabíamos o que era aquilo, e ele nos disse: 'Aconselho que vocês não saiam'. Pensando que ele nos estava convidando para uma orgia em sua casa, (a esposa Pattie Boyd e eu) saímos. Acabamos entrando numa discoteca chamada Ad Lib, e uma porção de coisas incríveis começaram a acontecer. Parecia que estávamos na pré-estréia de alguma coisa, achamos que o elevador estava em chamas (havia apenas uma luz vermelha), e quando saímos dele estávamos todos gritando. Foi incrível. E depois dessa experiência de deixar meu próprio corpo, de ver meu ego, passei a procurar alguma coisa mais real. Então. me liguei em música clássica indiana, fui à Índia, passei algum tempo com Maharishi Mahesh Yogi, em Bangor (no País de Gales), para me encontrar”.
No decorrer de todo aquele tempo, ninguém fez uma única pergunta sobre o álbum que Harrison estava lançando, de onde sairiam alguns de seus sucessos individuais, “Love Comes To Everyone” e “Blow Away". Mas não faltaria um pouco mais de Beatles.
"Somos parte da história, embora em relação a todas as modificações da época nós tenhamos sido vítimas das circunstâncias tanto quanto os demais”, George afirmou. "Os Beatles foram importantes, sim, mas não éramos a resposta para os problemas do mundo. Fomos a melhor banda: até hoje não há nada igual. Mas o resto era bobagem, e havia tantas pressões”.
"Sabe, foi importante que nós nos separássemos”, ponderou. "Um dia os Beatles cairiam. E é melhor fazer como Muhammad Ali: ganhar o campeonato e se aposentar, como Jackie Stewart fez na Fórmula 1. Os Beatles, então, foram assim: nós ganhamos todo sos campeonatos e depois nos aposentamos. Antes que começássemos a cair”.
Terminada a entrevista, na saída do casarão, George decidiu atender às fãs que há horas estavam do lado de fora, esperando para vê-lo. Cercado por guardas de segurança da gravadora WEA, George precisou correr até o carro que ia levá-lo ao aeroporto, enquanto as meninas gritavam, socavam o capô, atiravam-se à frente. Era uma cena de Beatlemania em pleno Rio de Janeiro – surreal, mas compreensível.
"Quando finalmente George conseguiu partir”, escrevi na última linha de meu texto para a Pop, "fiquei vendo a poeira do Galaxie que o levaria ao aeroporto – com um nó na garganta".
PLAYLIST FAROL 10
Tegan and Sara ficam ainda mais acessíveis. John Cale dueta com jovens artistas. Indie pop + flamenco espanhol. A música canto/falada do Dry Cleaning. E a sofisticação romântica de um ex-Suede e uma cantriz espetacular.
Tegan and Sara – “I Can’t Grow Up” – A dupla canadense de gêmeas criadoras de indie pop nunca foi tão acessível e ganchuda quanto em seu recém-lançado novo álbum, Crybaby.
Jesse Buckley & Bernard Butler – “Footnotes On The Map”– A faixa é de junho e nos escapou, mas merece ser repescada. Ela está no primeiro álbum gravado por Bernard Butler – ex-guitarrista do Suede – e a cantora e atriz Jessie Buckley, o romântico e sofisticado For All Our Days That Tear The Heart.
Okay Kaya – “Inside of a Plum” – O clima psicodélico, de sonho, do novo single de Kaya Wilkins ecoam as sensações do tratamento para tratar depressão por que passou a artista americana de raízes norueguesas.
John Cale – “STORY OF BLOOD” – Veteraníssimo co-fundador do Velvet Underground, John chega aos 80 anos com apetite por futuro, lançando seu primeiro álbum com novas composições em uma década, cercado de jovens artistas, dentre eles Sylvan Esso, Animal e Collective e, no caso desta faixa, Weyes Blood.
Ishmael Ensemble – “The Rebuke”– O coletivo britânico, com laços fortes com o jazz mas também com o drum&bass, traz em seu novo single uma canção de resiliência, inspirada no processo por que passou a vocalista Holysseus Fly durante o tratamento de um câncer de mama.
Caroline Polacheck – “Sunset”– Uma estrela americana de indie pop inovador adota o tradicional flamenco espanhol para ser o idioma musical der seu novo single.
Miss Grit – “Like You”– A cantora-compositora coreana-americana Margaret Sohn emprega em seu estilo de guitarra os ensinamentos de tecnologia musical adquiridos na New York University e acaba soando como uma versão atualizada de Robert Fripp. Mas seu indie pop vem quase sussurrado, insinuante.
Dry Cleaning – “Hot Penny Day”– Em seu segundo álbum, o quarteto londrino reforça sua posição de destaque dentre a leva de artistas ancorados em canções mais faladas do que cantadas. A vocalista Florence Shaw lembra uma combinação de Chrissie Hynde e Kim Gordon enquanto puxa um bonde pós-punk inescapável que tem tanto de Smiths quanto de King Crimson.
JAMBINAI – “once more from that frozen bottom”– A combinação de metal pesado com formas tradicionais da música do país do quinteto sul-coreano é a coisa mais surpreendente que você vai ouvir essa semana.