Inesquecível Marilyn
Duas séries na Netflix abordam vida e morte daquela que foi um dos maiores ícones hollywoodianos do século XX.
Sessenta anos após sua morte, Marilyn Monroe continua a exercer fascínio e se impor como uma das grandes atrizes de Hollywood. Dois filmes sobre a tumultuada trajetória da artista, que viveu momentos de glória e de dissabores extremos, culminando com o suicídio por excesso de barbitúricos, estão na Netflix: “Blonde”, do diretor Andrew Domini, que estreou essa semana (28/7) e “O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas”, de Emma Cooper, lançado em abril . Ambos apresentam todos os ingredientes de um roteiro arrebatador: fama, sexo, intriga, talento, drogas, poder, política e uma morte misteriosa.
Grandes diferenças marcam os dois filmes. “Blonde” pretende ser uma ficção baseada no livro de Joyce Carol Oates sobre a vida interior de Marilyn. Seu mérito está na excelente escolha do elenco como a atriz cubana Ana de Armas, formada pela Escola Nacional de Teatro de Cuba. A atriz foi ovacionada no Festival de Cinema de Veneza por sua atuação no filme. “Há algo genuinamente estranho na maneira como Dominik coloca De Armas no lugar de Monroe, reproduzindo cenas de filmes bem ensaiadas de uma maneira que às vezes me deixa imaginando se essas passagens eram arquivo ou invenção, memória ou faz de conta.”, comenta Mark Kermode, crítico do The Guardian.
O pecado de “Blonde” é a opção do diretor pelo melodrama que arrasta o sofrimento de Monroe por nada menos do que 2h46m, infernizando ainda mais a vida trágica da atriz. Norma Jeane teve uma infância marcada pela ausência do pai, por uma mãe alcóolatra e pelo abandono em orfanatos; já adulta, a loira foi estrupada no início da carreira, ao fazer um teste para um papel, apanhou durante as crises de ciúmes do jogador de beisebol Joe DiMaggio (Bobby Cannavale no filme), seu segundo marido; e frustrou-se na união com o dramaturgo Arthur Miller (Adrien Brody). O caso com o presidente John Fitzgerald Kennedy (Caspar Phillipson) também só trouxe decepções.
O filme é um dos poucos da Netflix com classificação para 18 anos. As incontáveis e por vezes desnecessárias cenas de nudez não parecem ser o motivo de tal resolução, mas uma pode ter sido o estopim para a censura: depois de ser arrastada ao quarto do “presidente” por dois assessores grandalhões, Kennedy força uma apaixonada Marilyn a fazer sexo oral enquanto assiste a cenas do lançamento de um foguete na televisão e conversa com um assessor ao telefone.
Tudo é over em “Blonde”, que não se vende como filme ficcional biográfico, embora o seja. Essa talvez seja a sua maior falha.
Já o documentário “O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas” mostra a viagem do jornalista Anthony Summers a Hollywood, em 1982, para cobrir a reabertura da investigação sobre a morte da atriz. Ao chegar a Los Angeles, Summers descobriu que havia muito mais a investigar, não apenas sobre a morte, mas sobre a vida da intérprete de “Quanto mais Quente Melhor”. Ele havia se preparado para ficar cerca de dois meses na cidade. Ficou dois anos.
O filme é puro jornalismo investigativo, embora não apresente nada de muito novo. A abordagem da diretora prende a atenção do espectador, porque dá a Monroe a dimensão de sua seriedade profissional, mesmo tendo que lidar com a carnificina de Hollywood e suas próprias sombras. São mais de 700 fitas cassetes gravadas com entrevistas com quase todos que estiveram próximos de Marilyn durante sua vida e em seus últimos dias. Em 1h47m, o filme aborda os mesmos temas que “Blonde”, mas sem excessos, ainda que a diretora tenha optado por ter atores dublando as gravações, o que obviamente imprimiu uma maior carga dramática à história.
No fim, Summers conclui que não há provas sobre o possível assassinato da atriz e que provavelmente ela se suicidou, voluntária ou involuntariamente, depois de ter sido desprezada por dois amantes com quem transava na mesma fase da vida: Bob e John Kennedy, então, senador e presidente dos Estados Unidos. O que fica claro na investigação é que Bob esteve com Marilyn e os dois teriam discutido no dia de sua morte, que teria no ocorrido no dia 4 e não em 5 de agosto de 1962, como foi divulgado. Essa diferença entre o horário real da morte e o que foi noticiado teria acontecido, segundo Summers, para que Bob tivesse tempo de sair de LA.
Apesar de não apresentar tantas novidades, “O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas” dá a dimensão correta do brilho daquela que tornou-se uma das deusas do cinema, musa de Andy Warhol e que, apesar de todas as fragilidades emocionais, que culminaram com sua morte precoce aos 36 anos, Marilyn Monroe foi uma mulher inteligente, preocupada com algumas das maiores questões sociais de seu país, e uma incontestável diva do século XX.
E mais…
- O diretor Brett Morgen (“Kurt Cobain: Montage of Heck”) dedicou cinco anos ao filme “Moonage Daydream”, sobre o multiartista David Bowie, que faria 75 anos esse ano. O filme é fascinante, porque revela a busca incessante de Bowie pela arte, sua jornada espiritual ao longo dos anos, seu charme e inteligência arrasadores. Mesmo com algumas barrigas ( há repetições desnecessárias) , “Moonage Daydream” é um filmaço. Morgen foi o único diretor a ter acesso ao arquivo pessoal de Bowie. Com o farto material montou um caleidoscópio de sons, imagens e entrevistas e provou como o gênero documentário pode ter uma linguagem inovadora. Mais do que um filme biográfico sobre aquele que era conhecido como cameleão do rock, “Moonage Daydream” é uma ode, uma viagem sensorial ao mundo de Bowie. O filme faz jus à obra do artista, que trabalhou até dois dias antes de sua morte, e foi uma das mentes mais criativas da cultura pop. Corra e vá assistir nos cinemas. Mais sobre o filme, aqui.
- Depois de um longo jejum causado pela pandemia, Salvador fará, em janeiro, a nova edição do seu Festival de Verão. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Baiana System e Olodum são alguns dos artistas e grupos já confirmados para o evento, que acontecerá nos dias 28 e 29 de janeiro, no Parque das Exposições, no bairro de Itapuã, onde estreou em 1999 e já marcou história no calendário da cidade com suas 17 edições. O mote do festival é o slogan “Somos Mundo” e o objetivo é promover encontros entre diversos artistas, estilos, gerações e gêneros musicais. Alguns shows já anunciados: Criolo com Ney Matogrosso; Ludmilla com Glória Groove; Saulo com Marina Sena; Carlinhos Brown com Duda Beat. Caetano e Gil farão um show inédito e o rap nacional também estará presente com Orochi e Djonga; Felipe Ret e Caio Lucas; além de Xamã. Para esta edição, o projeto pretende abordar conceitos como liberdade, inclusão, acolhimento e diversidade. Serão 16 atrações distribuídas em dois palcos.
- Uma visão diferente e crua da história do Brasil e dos símbolos nacionais, cercados de ufanismo neste momento histórico de eleições presidenciais e do bicentenário da Independência. Em sua nova exposição, “O Sertão vai virar mar”, na Galeria Marília Razuk, no Itaim Bibi, São Paulo, o artista multimídia pernambucano Bruno Faria apresenta diferentes perspectivas históricas do país e desloca a paisagem do nordeste para a cosmopolita São Paulo, através de instalações, desenhos, pinturas, e um vídeo onde compartilha com o público suas reflexões sobre movimentos históricos, como a Guerra dos Canudos e o Grito da Independência, traçando um oportuno paralelo com o Brasil de 2022.
“Esse trabalho nasce da própria história do Hino Nacional e de seu contexto atual, apresentando novas perspectivas e reflexões críticas”, explica o artista. A instalação “Desarranjo” transforma uma das paredes da galeria em uma grande partitura do hino nacional, com perfurações e buracos de bala em vez de notas na pauta e, compondo a obra, um toca-discos reproduz o grito da independência.
A exposição, que ficará em cartaz até dia 24 de outubro, também está promovendo oficinas com estudantes, conduzidas pelo artista Bruno Faria, onde crianças e jovens vão reescrever a biografia de personagens históricos. O trabalho vai gerar uma nova instalação.
- O MAM - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, palco da mais tradicional cinemateca da cidade, abre mostra em homenagem ao cineasta Jean-Luc-Godard, que faleceu no último dia 13 de setembro, aos 91 anos. Godard é um dos maiores expoentes do cinema europeu do século XX. A mostra exibirá, até 30 de outubro, obras clássicas do cineasta, como "A chinesa”, "Nouvelle vague" "Duas ou três coisas que eu sei dela”. Neste fim de semana, a programação conta ainda com cinco curtas-metragens e os longas "Uma mulher é uma mulher" e "Acossado". Na quarta (5), serão exibido os filmes "O pequeno soldado" e "Viver a vida". (MAM: Av. Infante Dom Henrique 85, Aterro do Flamengo. Sáb, às 14h40, 16h10 e 18h. Qua, às 17h10 e 19h. Telefone: (21) 3883.5630. Contribuição voluntária. 16 anos).
- Entender o passado, se apropriar do presente e projetar o futuro a partir das próprias raízes e dos antepassados. Essa é a proposta da plataforma digital genealógica para afro-americanos, criada pelo The Freedmen’s Bureau. A coleção digital reúne 1,8 milhões de registros que possibilitam o encontro de antepassados por fotos e nomes. A pesquisa pode ainda ser feita por lugares, anos e fatos memoráveis e, desta forma, resgata-se a herança negra perdida ou ocultada e entende-se melhor a própria origem.
Lado Z – Nas trincheiras do jornalismo musical, mundo afora, com José Emilio Rondeau
Tim Maia abala no Bangu Atlético Clube
Meu pai foi advogado de Tim Maia, no início dos anos 1970.
Agora, pare e reflita sobre os desdobramentos dessa frase.
Para ser advogado do lendariamente encrenqueiro Tim Maia, popularíssimo, e em plena ditadura, era preciso ter muito sangue frio, paciência e autoconfiança. E isso o Dr. Rondeau tinha de sobra.
A relação profissional rendeu causos antológicos – claro.
Teve a vez em que Tim chegou para uma audiência no fórum do Rio de Janeiro e o juiz exigiu que ele saísse dali e retornasse vestindo “roupa condizente com o ato”. Meu pai convenceu seu cliente, que adquiriu às pressas um terno e uma gravata, voltou ao tribunal vestido conforme pedido – e com as etiquetas do novo guarda-roupa bem à mostra, só de sacanagem. E ainda quis apresentar a conta ao meritíssimo.
Ou, então, aquela noite em que o telefone tocou lá em casa, bem tarde, com Tim desesperado: “Doutor, os homens estão entrando no meu apartamento pela janela, me ajuda, vem pra cá!”. Mesmo tonto com a chamada no meio da madrugada, meu pai teve capacidade de raciocínio suficiente para argumentar: “Tim, eu não sou mais seu advogado, liga para ele”. O cantor ligou para o novo advogado, perturbando o sono dele também com o mesmo apelo. E o advogado foi acudir Tim, no meio da madrugada. No entanto, chegando lá, constatou que o cliente morava num andar altíssimo, impossível de ser escalado, e, lógico, a polícia entrando pela janela existia apenas na imaginação do cantor.
Mas a passagem mais memorável tem como pano de fundo um show no ginásio do Bangu Atlético Clube.
Desde sempre meu pai era envolvido até a alma com o Bangu – por ter nascido, crescido e formado família no bairro e por ser fã de futebol. Atuou como diretor social por algum tempo. E, quando se soube de sua relação com o famoso cantor – embora sempre discreto, papai foi “dedurado" como advogado de Tim quando o cantor bateu lá em casa, sem avisar, e nossa empregada, Elza, saiu pelas ruas de Bangu para levar o cantor no escritório onde meu pai estava, desfilando para todos seu acompanhante célebre – , nada mais natural do que organizar uma apresentação dele por lá.
E assim foi feito.
Na noite do show, tout Bangu vestiu sua melhor roupa de domingo e lotou o ginásio do BAC. Para papai – e sua família, o que quer dizer eu, também – havia uma mesa reservada na beira do palco. Imagine só, mesas para um show de Tim Maia. Onde, se esperaria, todo mundo deveria chegar preparado para dançar. De todo modo, o fato é que todas as atenções de Tim estariam focadas naquela mesa, a nossa, pelo menos durante os primeiros minutos do show.
Todo mundo vai lembrar da máxima de Tim – “mais grave! Mais agudo! Mais tudo!”. Só que no caso do show no Bangu o problema não era o som. Mas problema havia.
"A luz, doutor!”, apelou Tim, logo depois da banda Vitória Régia atacar. "A luz!”, continuou, abrindo os braços para meu pai, enquanto os músicos tocavam.
A luz? Todo mundo fixou meu pai – nossa mesa! –, à espera de uma solução aos apelos de Tim. Mas que luz? Que diabo era o problema? E se o cantor, num de seus rompantes, decidisse encerrar tudo ali mesmo, naquela hora, e bater em retirada, frustrando as expectativas de um bairro inteiro? E garanto que tinha gente ali vinda também de Realengo, Padre Miguel, Senador Camará, e por aí vai.
Até que um auxiliar de Tim fez chegar ao “doutor” sua reclamação: a luz de serviço do ginásio continuava acesa, tornando tudo claro demais e estragando a iluminação do palco. O que foi prontamente resolvido.
E, assim, Tim pode fazer o que sabia fazer melhor: botar todo mundo para dançar, de pé, em meio às mesas.
Coda:
Nada desse relato tem a ver com meu trabalho jornalístico.
Profissionalmente, meu caminho cruzou com o de Tim somente na década de 1980, quando tentei dirigi-lo num videoclipe para o Fantástico. Tentei, porque não consegui. Aliás, não consegui sequer gravar o clipe.
Sem dar ouvidos à sabedoria de quem já conhecia a fera, tentei gravar primeiro algumas cenas de "representação emotiva” dele antes de registrá-lo cantando. Mas, num certo momento, Tim disse que precisava de uma descansada, deu uma golada em uma das cinco (ou seis?) pequenas garrafas de uísque (uma amarrada na outra com barbante) que um assistente guardava no carro para ele, e partiu, prometendo voltar.
Até agora estou esperando Tim voltar.
Lembrei de tudo isso porque essa semana Tim faria 80 anos.
Salve Tim! Obrigadaço por toda a música. E por todas as aventuras.
PLAYLIST FAROL 6
Abrimos aqui uma série de playlists temáticas com 10 dos mais importantes discos de rock gravados ao vivo.
Atente ao fato de que não pretendemos fazer uma lista definitiva – você vai sentir vontade de incluir seus favoritos, caso não estejam aqui. Aliás, queremos saber quais são. Mas buscamos dar uma panorâmica ampla de álbuns históricos, pioneiros e desbravadores.
É uma lista generosa em conteúdo, também, por ser ampliada por faixas extra, adicionadas em edições comemorativas de aniversários de vários dos discos selecionados.
Vamos a ela?
The Who – Live At Leeds – Gravado em 1970, num refeitório universitário no norte da Inglaterra, o álbum mostra o quarteto azeitado por mais de um ano de shows e no topo de sua forma, brutal, compacto, épico, demolidor, com um som propositadamente “sujo" e uma capa “caseira" para simular a estética dos discos piratas que começavam a surgir à época.
The Rolling Stones – Get Yer Ya-Ya’s Out – Em 1969, os Stones tinham muito a provar: com Mick Taylor no lugar do recém-demitido e recém falecido Brian Jones, Jagger, Richards, Watts e Wyman montaram sua primeira turnê americana depois de três anos fora do país para promover um disco que apontava para o futuro da banda, Let It Bleed. A excursão terminou de maneira trágica, em Altamont, mas rendeu ao grupo o título de "a maior banda de rock and roll do mundo” (epíteto martelado na cabeça do público toda noite pela voz do road manager Sam Cutler nos alto-falantes), graças a shows em que os Stones mostraram-se imbatíveis. As faixas do disco foram gravadas pelo craque Glyn Johns durante as paradas da tour em Baltimore e Nova York, e seu lançamento foi antecipado para combater as vendas da versão pirata que já circulava pelos Estados Unidos, Live’R Than You’ll Ever Be.
Jimi Hendrix – Band of Gypsys – Bill Graham trouxe para fazer os shows de virada de 1969 para 1970 em seu Fillmore East, em Nova York, o novo grupo de Jimi Hendrix, o trio formado com o baixista Billy Cox e o baterista Buddy Miles. Sete meses antes de morrer, pela primeira vez cercado somente de músicos negros, Jimi explodiu em rock funkeado e blues psicodélico, por vezes num clima de soul revue, deixando registrado um de seus solos antológicos, o de “Machine Gun”.
Jackson Browne – Running On Empty – Um disco de inéditas gravadas ao vivo, em momentos e situações diferentes da estrada – numa passagem de som, num quarto de hotel, num ônibus em movimento, e, claro, diante da plateia – fizeram deste álbum um marco na carreira do cantor-compositor californiano e, também, na história dos discos ao vivo.
The Allman Brothers Band – At Fillmore East – Os irmãos Duane e Gregg escolheram para registrar a mescla sulista de blues e rock de sua banda em uma apresentação no Fillmore East, legendário templo do rock em Nova York (aparecendo pela segunda vez nessa lista). São jam após jam, costuradas por duelos de guitarra entre Duane e Dickey Betts e solos de órgão Hammond de Gregg.
Bob Marley & The Wailers – Live! – Saiu deste álbum, gravado no Lyceum Ballroom, em Londres (usando a unidade móvel dos Rolling Stones) e lançado em 1975, o primeiro grande sucesso internacional de Bob, “No Woman, No Cry”. O mundo – e o panorama do rock – não seriam os mesmos depois desta apresentação transcendental – encharcada de espiritualidade, balanço e política – de um gigante do reggae.
Peter Frampton – Frampton Comes Alive! – Cinco anos após ter-se lançado como artista solo, em 1976 o guitarrista e cantor britânico viu-se catapultado ao status de superastro de shows nos Estados Unidos, lotando com seu pop-rock contagiante e seus solos fluidos e elegantes não mais teatros ou ginásios, mas estádios. Graças ao sucesso de … Comes Alive, disco ao vivo com o registro de apresentações feitas justamente em ginásios, teatros e universidades ao longo de 1975. Numa reação em cadeia, mais de 10 milhões de pessoas comprariam o álbum, transformando-o num clássico do rock.
Bruce Springsteen – Bruce Springsteen & The E Street Live 1975-85 – Em 1985, o Chefão havia lançado Born in The USA e virado unanimidade nacional e herói musical de multidões nos Estados Unidos. Este generoso caixote documenta a evolução do artista, trazendo desde shows mais intimistas no palco histórico do Roxy, em West Hollywood, à performances apoteóticas para vastidão do estádio Coliseum, também em Los Angeles. É uma verdadeira maratona de 40 faixas, com mais de três horas e meia de interpretações antológicas.
Talking Heads – Stop Making Sense – Mais um registro feito na Cidades dos Anjos, dessa vez no Pantages Theatre, em Hollywood, para capturar David Byrne e seus colegas de quarteto turbinados pela adição de bambas como o tecladista Bernie Worrell (egresso do Parliament/Funkadelic, do maluquete-mor George Clinton), e o guitarrista Alex Weir (dos Brothers Johnson), enquanto eram filmados pelas câmeras do diretor Jonathan Demme.
Humble Pie – Performance– Rockin’ The Fillmore – E as apresentações de mais dois shows gravados no Fillmore East – dessa vez, em maio de 1971 – completam a lista, com apresentações sanguíneas da usina de blues-rock cru e pesado liderada pelo ex-Small Faces Steve Marriott, feitas um mês antes do Fillmore fechar para sempre. Ironia das ironias, Peter Frampton, parceiro de Steve no Pie desde o primeiro momento, saiu da banda pouco antes desse disco ser lançado.