As memórias do executivo e assessor de meio mundo da realeza do rock viram livro delicioso
Tony King trabalhou com os Beatles, os Stones, Elton John, Roy Orbison, as Ronettes – e agora relembra suas aventuras nos bastidores e na linha de frente
Ele deu fim a um momento de piração de John Lennon nos anos 1970, jogando o ex-Beatle (com a cabeça cheia de bebida) no chão e controlando-o fisicamente até ele se acalmar. "Eu não sabia que você era tão forte, querido”, reagiu John.
Ele foi descrito por Charlie Watts como o homem mais gay que o baterista já tinha visto.
Ele inspirou Elton John (de quem foi diretor artístico) a se assumir como homossexual. Para alguém que tentava ser discreto e ocultar sua real identidade, como Elton, ele era tão exuberante que “chamaria a atenção mesmo durante uma invasão de marcianos”.
Ele passou fins de semana hospedado com George Harrison e Pattie Boyd. E consumiu cogumelos “mágicos” com Yoko Ono numa reunião de trabalho.
Ele tomou uma bronca de Keith Richards por ter fumado um baseado (!?!?!) numa época em que o guitarrista ainda não era íntimo das drogas. Anos depois, estava trabalhando com os Rolling Stones, durante suas turnês.
Ele é Tony King, inglês de Sussex, hoje se aproximando dos 80 anos de idade, profissional do showbiz muito conhecido do meio artístico da Inglaterra e dos Estados Unidos – sua carreira começou na Londres dos anos 1950 e terminou cuidando da temporada de despedida de Elton John, em Las Vegas – , que lança mês que vem um apetitoso livro de memórias, The Tastemaker.
As histórias do livro cobrem seis décadas de histórias de King como assessor ou executivo, envolvendo alguns dos principais artistas da música popular internacional do século 20. Tony conviveu com estrelas do pop e do rock desde muito cedo – das Ronettes e Roy Orbison aos Beatles (ele trabalhou na Apple quando a empresa abriu), Tom Jones, David Bowie e os Stones, com quem trabalhou décadas a fio, especialmente ligado a Mick Jagger, de quem foi uma espécie de sombra até se aposentar.
Tony também esteve presente no auge da disco music, em Nova York, nos anos 1970, encarregado de divulgar novidades junto aos DJs responsáveis pela música tocada em lugares como o Studio 54. O que significa que conviveu com a epidemia de Aids em seus momentos mais sombrios.
E sua amizade com Freddie Mercury ajudou a amenizar os dias finais do cantor do Queen. Quando Freddie já estava acamado e incapacitado de fazer qualquer coisa, Tony ficava ao lado dele, de mãos dadas, ajudando-o a comprar peças de arte em leilões da Christie’s. Depois, admirava as obras adquiridas, quando as traziam para sua cama. “Não posso sair da cama, não posso sair”, Freddie dizia a Tony. “Pelo menos, posso fazer compras”.
“Desde adolescente eu sabia que não seria uma estrela, mas adorava conviver com elas, aquele glamur”, diz ele. “Adorava trabalhar para pessoas famosas e ajudá-las a atingir seus objetivos. Depois de uma turnê dos Rolling Stones, recebi um cartão de Mick que dizia apenas 'Obrigado por manter tudo certinho’. E isso resume tudo para mim: manter tudo certinho”.
Mick e Keith continuam grandes amigos de Tony, que é padrinho da filha e da neta de Charlie e Shirley Watts. Jagger e ele costumam trocar presentes todo Natal. Em dezembro passado, o Stone deu a Tony um exemplar da autobiografia de Paul Stanley, do Kiss. Autografada!
David Crosby: voz cristalina de tenor, alma de hippie, eterno rebelde
Co-fundador de dois supergrupos icônicos, que alterariam para sempre a história do rock – The Byrds e, em seguida, Crosby, Stills, Nash & Young – , David Crosby – morto na quarta-feira, 18/1, aos 81 anos, após uma “longa enfermidade”, conforme informou sua família – tinha voz cristalina de tenor, alma de hippie, e uma reserva de sorte quase inesgotável.
Apesar de viciado em bebida, heroína e cocaína, de ter passado por um transplante de fígado, de ter recebido oito stents para ajudar seu coração baqueado, de ter ficado 11 meses numa cadeia do Texas posse de drogas e armas, Crosby chegou ao final da vida em paz, morando num rancho em Santa Barbara, na Califórnia, pilotando seu próprio avião, com a voz miraculosamente intacta e talento suficiente para fazer recentemente um punhado de discos e shows de qualidade e criatividade comparáveis ao melhor de sua obra.
Com os Byrds, Crosby ajudou a inventar o folk-rock que emanou de Laurel Canyon, em Los Angeles, para influenciar até os Beatles – de quem David foi amigo. Ao participar da formação do CSN&Y, abriu as portas para trazer matizes de jazz à mistura de folk, country e rock do quarteto que fez seu primeiro show de madrugada, na última noite do festival de Woodstock.
David contribuiu para algumas das canções-chave dos grupos de que participou – como "Eight Miles High”, "Guineverre" e "Long Time Gone” – e integrou diferentes combinações de duplas e trios quando estes se desintegraram, especialmente com Graham Nash, com quem, ironicamente, se desentenderia bem mais tarde, de forma irreversível.
Suma carreira individual – em especial, o disco If I Could Only Remember My Name, de 1971 – influenciou gerações de músicos, como Jonathan Wilson, cuja produção parece ser uma longa e interminável homenagem ao trabalho de Crosby.
Nas últimas décadas, a vida e a música de David ganharam uma adição importante, fundamental – a de James Raymond, filho de uma namorada que Crosby havia abandonado ao saber que ela estava grávida. O filho procurou o pai quando ele se recuperava do transplante de fígado, os dois se reaproximaram e tornaram-se parceiros musicais. Raymond produziu, compôs e tocou nos últimos discos que David lançou de 2014 em diante.
Apesar de terem rompido recentemente, ao saber da morte de seu companheiro de banda Nash sublinhou o melhor que havia no relacionamento entre os dois,, numa postagem em seu perfil no Instagram. “Sei que as pessoas tendem a focar na volatilidade de nosso relacionamento em alguns momentos”, disse Graham, “mas o que sempre importou para David e para mim mais que qualquer outra coisa era a alegria pura da música que criávamos juntos, o som que descobrimos, um com o outro, e a profunda amizade de tantos, longos anos”.
Por sua vez, Stephen Stills tuitou que David “foi um músico gigante”, de “sensibilidade harmônica nada menos que genial. Ele era a cola que nos unia enquanto nossas vozes se elevavam, em direção ao sol”.
A melhor série do ano já está no ar? Escalação 100% feminina para festival na serra fluminense. Filha de Spielberg dirige seu primeiro longa. Artistas unidos contra Inteligência Artificial. O mundo acadêmico está arruinando a crítica literária? E Santos Dumont, quem diria?, virou musical.
E mais …
– Mal estreou, a nova série da HBO Max, The Last of Us, baseada num popularíssimo jogo eletrônico, já está sendo chamada de a melhor do ano. E estamos apenas em janeiro! Pelo menos, essa é a opinião de alguns veículos entusiasmados, como a revista francesa Les Inrockuptibles e da colega americana Wired. Para a primeira, a série, cujo primeiro capítulo foi disponibilizado no domingo passado, 16/1, é "uma obra-prima dos jogos eletrônicos (que) gerou uma série imensa … do mesmo calibre”. Já a segunda publicação faz um argumentação clara e direta. "Adaptações de video games são notoriamente desmioladas. Mas as mentes por detrás da contagiante nova série de zumbis transformam ação em drama – e rompem com essa maldição”.
– A edição 2023 do festival Rock The Mountain, que acontece anualmente em Itaipava, na serra fluminense, terá um line up 100% feminino, que vai de Maria Bethânia e Iza a Marina Sena, Paula Toller, Tati Quebra Barraco e Ana Frango Elétrico. Os shows acontecem nos dois primeiros fins de semana de novembro e todas as artistas se apresentam em cada um deles, distribuindo-se por seis palcos diferentes.
– Três artistas americanas iniciaram um processo judicial para barrar as tecnologias de inteligência artificial AI Stable Diffusion (Stability AI), Midjourney (Midjourney) e DreamUp (DeviantArt). O argumento de Sarah Andersen, Kelly McKernan e Karla Ortiz é que os responsáveis por esses geradores de arte por IA estariam infringindo direitos autorais de milhões de artistas, uma vez que os desenvolvedores teriam treinado os algoritmos utilizando-se de mais de cinco bilhões de imagens extraídas da web – sem consentimento dos criadores.
– Tal pai, tal filha. Destry Allyn Spielberg – filha de Steven – vai dirigir seu primeiro longa, Four Assassins (And a Funeral), descrito como um misto de Succession, Knives Out e The Kingsman sobre o confronto do caçula de um assassino legendário com seus irmãos altamente treinados para matar. Steven contou ao The Hollywood Reporter que a filha ganhou credibilidade para o posto depois do sucesso de um curta dela, exibido no Festival Tribeca ano passado, Let Me Go (The Right Way).
– O mundo acadêmico está arruinando a crítica literária? Essa é a bola levantada por Merve Enre, colaboradora da revista The New Yorker,. Segundo ela, a crítica literária estaria ficando erudita demais e se afastando do alcance do público, conversando apenas com seus pares. E a culpa seria dos professores universitários de critica literária. As exceções seriam o que é publicado hoje em dia em publicações alternativas, como n+1 - que postou uma matéria há poucos dias justamente sobre esse assunto – e The Point.
– Santos Dumont, quem diria?, virou musical. O inventor ousado é o tema de Além do Ar - Um Musical Inspirado em Santos Dumont, estreia desta sexta-feira, 20/1, no Teatro Opus Frei Caneca, em São Paulo, e cuja inspiração, na verdade, veio de … Lady Gaga! De acordo com os diretores Thiago Gimenes e Keila Fuke, as palavras da cantriz na cerimônia do Oscar de 2019, dando conta do quanto deu duro para chegar onde chegou. “Era a vitória da persistência”, diz Keila. “E logo notamos que a história de Santos Dumont se encaixava nesse personagem”.
Lado Z – Nas trincheiras do jornalismo musical, mundo afora, com José Emilio Rondeau
Dias em Toronto com os Rolling Stones – no palco e na escola (?!?!) – e uma conversa premonitória com Tony King
Toda essa conversa sobre Tony King (leia mais lá em cima) reavivou a memória de alguns dias do verão canadense de 1994, quando fui a Toronto, no Canadá, para um encontro com os Rolling Stones.
Desembarquei na cidade com a missão de fazer para a revista Bizz a única entrevista do grupo para o Brasil antes de suas primeiras apresentações na América do Sul, parte da turnê Voodoo Lounge, a 12ª da carreira do grupo.
Os Stones e Toronto tinham um passado pregresso picante. Foi lá, em 1977, onde a Polícia Montada prendeu Keith Richards por posse de heroína (que não era dele) com intenção de traficar – um acontecimento escandaloso, que poderia ter decretado o fim do grupo, caso Keith fosse em cana. Mas agora, 17 anos depois, a história era bem diferente. O grupo ensaiava para a turnê num hangar vazio da cidade e na quadra esportiva de uma escola particular para meninos, a Crescent School, esvaziada para as férias de verão. E era lá onde receberiam a imprensa do mundo inteiro para falar sobre o novo disco e a nova excursão – a primeira vez que trabalhavam sem o baixista Bill Wyman, substituído por Daryl Jones.
Para as entrevistas daquela tarde, os quatro titulares se separaram em duplas – Mick e Charlie ocupavam uma sala de aulas! Keith e Ron, outra. Imagine a situação. Conversar com os Stones – ou dois, por vez – numa sala de aulas.
Os quatro estavam de muito bom humor. E havia motivo para isso. Na noite anterior, haviam se apresentado no nightclub RPM, onde assistimos – todos os jornalistas – a um show-surpresa do grupo junto com uma plateia seleta de 1.200 pessoas, arregimentada em questão de minutos quando uma rádio local revelou o “segredo" de que a banda cobraria apenas cinco dólares (!!!) pelo ingresso para quem quisesse vê-los esquentar as turbinas antes do início da excursão, em 1º de agosto, em Washington, D.C..
O show foi matador, informal, cômico – e inesquecível.
Os Stones tocando num palco mínimo e baixo, com o som dos amplificadores das guitarras rugindo na nossa cara, ali, a cinco metros de distância, todos os músicos num estranho misto de nervosos e super à vontade, é uma experiência única.
Durante 16 músicas – algumas do novo álbum, como “Sparks Will Fly” e I Go Wild", sendo testadas ao vivo pela primeira vez – os Stones exercitaram seus músculos de palco, erraram e recomeçaram “Love is Strong”, às gargalhadas, riram mais ainda quando começaram a chover sutiãs e calcinhas no palco durante “Honky Tonk Women” (Jagger escolheu uma, esfregou dentro da própria calça, na região da virilha, depois devolveu para a plateia) e fecharam com uma rara preciosidade, "I Can’t Get Next To You”, sucesso dos Temptations, de 1969.
Quando tudo terminou – e é aqui que ele finalmente entra em cena – , Tony King se aproximou de mim, com uma camiseta onde se lia "Os Stones resistem a divórcio, calúnia, trambiques, fofocas, sexo com menores, álcool, drogas”.
"O que você achou do show?”. Tony King, um homem alto, afável e super bem-educado, espécie de faz-tudo de altíssimo escalão dos Stones, dedicado mais especificamente aos desejos de Mick Jagger, queria saber minha opinião sobre o show! E eu, ainda sob o impacto imediato da música dos Temptations, arrisquei um palpite. "Os Stones bem que poderiam fazer mais shows assim, com músicas que tenham a ver com as raízes deles”, disparei, num jato só. Tony manteve-se calado, assentindo com a cabeça, como um jornalista costuma fazer para estimular seu entrevistado a falar mais. "Imagino também os Stones um dia fazendo shows só de blues, como antigamente”, continuei, indiferente ao fato de que no dia seguinte eles estavam lançando um disco de músicas novas e inéditas.
"Interessante”, Tony finalmente falou, coçando o queixo. “Interessante … shows como esse são realmente especiais para os fãs”. E se despediu de mim com um sorriso.
E não é que oito anos depois os Stones viriam a tocar de novo "I Can’t Get Next To You” e a fazer shows bastante fora de sua norma, na turnê Licks, de 2002/3, desencavando deep cuts como “She Smiled Sweetly” e covers de “That’s How Strong My Love Is” (de Otis Redding e gravada por eles no álbum Out Of Our Heads, de 1965) e "Everybody Needs Somebody To Love” (de Solomon Burke e faixa do segundo álbum do grupo)?
Resultado de algum toque soprado no ouvido de Tony King numa noite quente em Toronto? Claro que não.
Os Stones nunca deram ponto sem nó e se em 1994 testaram as águas para uma tacada dessa é porque miravam no futuro, quando poderiam (precisariam) dar variedade a seus shows, alternando-se entre estádios, ginásios e teatros, e mexendo com mais entusiasmo no repertório de seus shows.
Coda
Não sosseguei até comprar uma camiseta igual à de Tony, que vesti por anos a fio, até que ela desapareceu na poeira do tempo. Como tanta coisa.
PLAYLIST FAROL 20
Os 60 anos do clássico de um gigante do blues. Um ícone do pós-punk busca o reconhecimento pop – por um bom motivo. Um dos melhores discos ao vivo do rock ganha edição ampliada. Um projeto extra-curricular e um coletivo trazem novidades. E Lia de Itamaracá se inspira em Mercedes Sosa.
John Lee Hooker – “Boom Boom”– Há 60 anos o mundo era apresentado à canção-assinatura de Hooker, um dos mais influentes mestres do blues, faixa que influenciaria de maneira profunda a explosão de blues rock da década de 1960.
Everything But The Girl – “Nothing Left To Lose”– Este é o primeiro single do primeiro álbum gravado desde 1999 pelo duo britânico de indie pop formado por Ben Watt e Tracey Thorn, Fuse, com lançamento previsto para abril.
Belle and Sebastian – “So In The Moment” – A nova música do grupo escocês é power pop puro e faz parte do recém-lançado novo álbum, Late Developers.
Spoon – "I Can’t Give Everything Away” – Os texanos do Spoon revisitam uma das últimas canções gravadas por David Bowie e lançada no álbum póstumo Blackstar, de 2016. É uma versão de piano e violão registrada para marcar o que seria o aniversário de 75 anos de David.
Public Image Ltd. – “Hawaii" – Quem imaginaria que um dos ícones do pós-punk teria vontade de participar de um concurso de música pop? Pois é exatamente o que John Lydon e seus asseclas estão fazendo, inscrevendo uma música para representar a Irlanda no Eurovision, competição europeia por onde geralmente passam artistas pop como ABBA, Celine Dion e Måneskin. Mas John tem seus motivos: a canção homenageia sua esposa, Nora, que desde 2018 sofre de Alzheimer, e com ela espera conscientizar o público para a doença.
The New Pornographers – “Really Really Light” – A primeira faixa disponibilizada do novo álbum Continue As a Guest, que sai em março, é uma refeitura de uma canção gravada pelo coletivo indie canadense em 2014, mas nunca usada.
Lonnie Holley – “Oh Me, Oh My” – Septuagenário, Lonnie é um artista musical e visual que gravou seu novo álbum, que sai em março, com um punhado de artistas mais jovens, dentre eles Bon Iver e Sharon Van Etten. Aqui, na meditativa faixa-titulo, ele recebe uma contribuição de Michael Stipe.
Thin Lizzy – “The Boys Are Back In Town”– Produzido pelo craque Tony Visconti, o álbum Live and Dangerous coroou o reinado nos palcos europeus do quarteto irlandês liderado pelo baixista e vocalista Phil Lynott, e tornou-se um dos mais potentes discos de rock gravados ao vivo. Esta faixa é praticamente o hino do grupo. Agora, 44 anos após seu lançamento, o álbum ganha versão deluxe, com 63 faixas adicionais.
The Arcs – “Keep On Dreamin'”– Projeto extra-curricular do incansável Dan Auerbach, dos Black Keys, o Arcs lança seu segundo álbum tingido pela dor da morte de um de seus integrantes originais e produtor, Richard Swift, optando por mirar no futuro – e na vida.
Lia de Itamaracá – “Dorme Pretinho”– Rainha da Ciranda, a veterana artista pernambucana parte de “Duerme Negrito”, canção eternizada pela argentina Mercedes Sosa, para criar um acalanto para homenagear sua comunidade, na Ilha de Itamaracá.
Maravilha! Grande abraço.
Maravilha de edição do “Farol”. Essa história do Tony King, o lance dos Stones no “Lado Z” . Demais , grande José Emílio Rondeau!