Andy Summers, pelo visor da câmera
Com exclusividade para o FAROL, o ex-guitarrista do The Police – e atual vértice do trio anglo-carioca Call The Police – fala de seu segundo amor, depois da música: a fotografia
Parado numa rua de Copacabana, no meio de uma manhã ensolarada de verão, o homem mirava a câmera fotográfica para o alto do edifício com nome de estado americano – Mississippi – , erguido na mesma década em que ele havia nascido, 80 anos atrás.
Não se demorou muito por ali, baixou a câmera, ajustou a bolsa no ombro, e seguiu pela rua Aires Saldanha, em direção ao Posto 6, a cabeça girando de um lado para o outro, os olhos atentos para a próxima oportunidade de se capturar uma imagem que o interessasse.
Foi quando caiu a ficha. Peraí. Aquele ali não era Andy Summers?
Ex-guitarrista extraordinaire do Police – e também do Soft Machine e dos Animals, acompanhante de artistas como Neil Sedaka e Joan Armatrading, colaborador de Robert Fripp, companheiro de jams de Jimi Hendrix, com vários discos solo no currículo –, Andy estava de passagem pelo Brasil para fazer shows com seu trio anglo-carioca – Call The Police, formado com João Barone (baterista dos Paralamas do Sucesso) e Rodrigo Santos (cantor e baixista que já trabalhou com Barão Vermelho e Kid Abelha), extensão lógica de sua ligação com o Brasil – que vem desde que ele, Sting e Stewart Copeland tocaram no Maracanãzinho, em 1982 – e a música feita no país, onde já gravou discos com Roberto Menescal e Fernanda Takai.
Por que não aproveitar a oportunidade para entrevistar Andy sobre seu segundo grande amor, a fotografia, uma paixão que vem nutrindo a sério desde o final dos anos 1970, que gerou quatro livros e exibições em galerias do mundo inteiro, de Nova York a Barcelona?
Quando a ideia de uma entrevista ganhou fôlego, Andy já estava de volta a sua casa, em Los Angeles. Mas um esforço tripartite, envolvendo Mauricio Valladares e João Barone, fechou o circuito e, via e-mail, Andy falou, com exclusividade, para o FAROL.
De onde vem seu amor por fotografia? Aconteceu antes ou depois de seu amor pela música?
Creio que a percepção visual e a percepção musical se desenvolveram juntas na minha infância. Toquei o piano dos seis aos 11 anos, depois adquiri uma guitarra e fiquei louco (por ela). E também era como todo mundo, tirando fotos, instantâneos. Até que na adolescência fui influenciado pelos filmes em preto e branco que passavam na Europa e aquilo me causou um impacto emocional do qual só mais tarde me daria conta, mas que combinava com tudo que me interessava quando eu era criança.
Você chegou a trabalhar como fotógrafo de praia, na juventude. Como se deu isso? Ajudou a aprender algo em especial sobre fotografia?
É verdade. Trabalhei durante dois verões na praia (em Bournemouth, cidade-resort na costa sudoeste da Inglaterra), tirando fotos dos turistas que visitavam. Especialmente as meninas. Era muito divertido. Eu não chegava a trabalhar no laboratório de revelação, nem ficava estudando cuidadosamente as fotos, estava apenas tentando ganhar alguns trocados.
Por um tempo, quando você tinha 16 anos, também se interessou por dirigir filmes. O que levou a isso?
Sim, eu era o maior cinéfilo, dos 14 aos 18 anos. Quase todos os filmes que via eram filmes de arte, como La Dolce Vita, de Fellini, Bergman, Truffaut, Agnès Varda e, provavelmente meu favorito, Kurosawa. Vi e revi a maioria desses filmes e eles tiveram um grande impacto sobre mim, quando eu era adolescente. De uma forma sutil eu sentia como se através desses filmes eu estivesse descobrindo meu mundo de verdade. Ao mesmo tempo em que eu me identificava com o jazz americano. Foi essa minha formação. Tinha um interesse obsessivo por aquilo, durante a adolescência.
Você comprou sua primeira câmera de verdade em 1979, inspirado pelos fotógrafos que costumavam cobrir as turnês do Police. Quem eram esses fotógrafos? O que no trabalho deles motivou essa atitude?
Vivíamos cercados por fotógrafos de rock no começo da carreira do Police, especialmente em Nova York, onde parecia que todo mundo que nos fotografava era mulher. Tinham bolsas e mais bolsas de equipamento. Não me inspirei nelas, particularmente, em termos de fotografia ou artes visuais, mas ficava intrigado com o equipamento e seu envolvimento com ele. Até que chegou um momento em que saí, comprei uma Nikon FE e mergulhei na fotografia. Não como um hobby – não consigo fazer nada com hobby, apenas. Tenho que ir até o fim. E aquilo se tornou uma paixão comparável à música para mim.
Naturalmente, quando eu comecei a fazer fotografia a sério não tinha ideia alguma se seria bom naquilo, ou não. Estudei muitos livros de fotografia, alguns deles (de nomes) bastante óbvios, como (Henri) Cartier-Bresson, e gostei muito. Era atraído pelas fotos em preto e branco, (embora) não muito pelo trabalho de fotógrafos que trabalhavam com rock, mas para mim Anton Corbjin (holandês conhecido, principalmente, por seu trabalho com o U2, hoje diretor de cinema) tinha algo (especial). Era mais artístico, acho, na maneira como fotografava. Tinha Pennie Smith (fotógrafa britânica do NME, que criou imagens icônicas do rock, em especial do Clash), alguém muito boa, como Jill Furmanovsky (outra britânica, por cujas lentes passaram de Chuck Berry e os Rolling Stones a Pink Floyd e Oasis). Mas a grande descoberta para mim foi Ralph Gibson, (premiado fotógrafo californiano) que teve uma grande influência sobre mim. Acabamos nos conhecendo e nos tornamos grandes amigos.
Como seu trabalho com música e fotografia se relacionam? O que você traz de uma forma de expressão para a outra?
É bem possível enxergar um desses meios (sob o prisma) do outro. Um inspira o outro. E uma das coisas que gostei imediatamente nas fotos de Ralph Gibson é que havia uma espécie de musicalidade nelas. E, claro, descobri que ele tocava guitarra, que era um pessoa musical, também. Então, tínhamos, ambos, as duas coisas juntas: música e fotografia. Ambos raciocinávamos da mesma maneira: você consegue enxergar a música em termos de formas, linhas, estruturas, que podem ser vistas como um enquadramento, digamos assim. Penso que um fotógrafo que também é um músico talvez tenha uma vantagem. Talvez seja preconceito meu, mas acredito nisso. A música é a mais abstrata das artes.
O que chama sua atenção e ativa sua imaginação na hora de decidir se vale fotografar alguma coisa?
Se chamou minha atenção provavelmente é algo que vale fotografar. Podem ser coisas que surpreendam, que surgem do nada, e você começa a enxergar as possibilidades formais do que está ali, em termos de forma, linhas, simetria, assimetria, seja o que for. Nem sempre dá certo, mas você começa a reconhecer determinadas qualidades formais nas artes visuais e acaba percebendo isso instintivamente, seja um edifício escuro numa rua de certa forma encostando numa nuvem no céu, ou uma forma humana que passa por você como um borrão. Como fotógrafo é importante que você desenvolva seu senso de abstração. Para mim a câmera não é necessariamente um instrumento feliz para tirar fotos bonitas ou felizes, mas (uma ferramenta) para se obter algo fascinante ou trágico, talvez, mas também formalmente interessante. Seu trabalho é descobrir como fazer isso.
A fotografia teve alguma chance de virar sua principal atividade, em vez da música?
Houve um indício de que isso pudesse acontecer mais para o final de minha carreira com o Police. Não que minha carreira tivesse acabado, mas quando paramos de excursionar eu estava tão louco por fotografar tudo ao meu redor que aquilo me fez vacilar por um instante. Mas definitivamente sou um guitarrista, em primeiro lugar. Claro que naquela época estava fotografando feito louco, mas também fazia shows toda noite pelo mundo inteiro. Portanto, a música estava muito, muito presente.
Atualmente você se apresenta solo, tocando acompanhado de vídeos ao fundo mostrando seu trabalho em fotografia, o projeto The Cracked Lens + A Missing String. Seria uma maneira de se conectar a seu interesse original por dirigir filmes?
Pode-se dizer que sim, embora seja levemente falso, mas aquela atração por imagens visuais – particularmente, no meu caso, os filmes antigos, em preto e branco – foi algo muito forte e expressava coisas que eu não achava ser capaz de expressar na guitarra. E chegou um momento em que isso veio à tona e provocou o impulso de obter uma câmera de verdade. Comprei uma Nikon e meti as caras. Estava na estrada o tempo todo, especialmente nos Estados Unidos, então havia muitos estímulos visuais.
Qual câmera você usa hoje em dia?
Há anos uso uma Leica. Essa é a câmera para mim. Fui apresentado a ela por Ralph Gibson e me afastei das câmeras japonesas grandes, como Nikon e Canon, e senti que aquela era a ferramenta que podia usar. Gostei de olhar pelo visor dela. Achei muito melhor para compor fotografias. Era muito melhor na minha mão, bem mais tátil, da forma como eu era acostumado com o pescoço de uma guitarra. E pode-se dizer que elas possuem as melhores lentes do mundo, imbatíveis por qualquer outra companhia.
O que você pensa sobre fotografia feita com celulares?
É um novo instrumento e talvez algumas pessoas consigam fazer fotos muito boas com eles. Meu lado esnobe não deixa de pensar – e é um ponto de vista esnobe – que algumas pessoas dão sorte e conseguem fazer fotos ótimas com celulares, mas para mim um iPhone nunca substituirá uma Leica. Não tem como, no que diz respeito a lentes e a coisas assim. O que uso é a Leica M 10, para fotos em cor ou em preto e branco.
Você consegue lembrar o que estava tentando fotografar naquela rua em Copacabana quando foi visto?
Não consigo responder. Não tenho ideia. Mas estou começando a achar que preciso ficar em Copacabana na próxima vez (que estiver no Rio), porque acredito que ali tem muito mais atividade do que onde costumo ficar.
Coda
O relacionamento de Summers com a Leica está sendo celebrado com uma exposição de 25 fotos na Leica Gallery London, aberta ao público até 30 de abril. Dentre elas, uma imagem clicada do alto do morro do Vidigal, em 2015.
Um show inédito – e quase completo – dos Beatles. O 'faroeste perdido' de Fellini. Seriam os piratas um exemplo de diversidade? O feminismo revolucionário da Viva. E João Gilberto ao vivo no Sesc.
E mais …
– Acaba de vir à tona a gravação mais antiga de um show completo dos Beatles (ou quase) da época em que o grupo estava prestes a se tornar a maior atração do Reino Unido, realizado num colégio interno para meninos, em abril de 1963, meras duas semanas após o lançamento do álbum de estreia do grupo, Please Please Me. Numa época em que seu conhecido logo – com as letras B e T em destaque – ainda nem era usado. O bumbo da bateria de Ringo ainda mostrava uma estilização de antenas de inseto adornando o nome do grupo. Feita por John Bloomfield, um dos alunos do colégio Stowe, em Buckinghamshire, mas só tornada pública agora, 60 anos após o fato, a gravação tem baixa qualidade mas é de enorme valor histórico. Os Beatles tocam por uma hora inteira para um público predominante masculino, misturando covers de rhythm & blues e algumas de suas próprias músicas. Eles iniciam o show com "I Saw Her Standing There" – a faixa de abertura de Please Please Me – e logo emendam com "Too Much Monkey Business", de Chuck Berry. E, ao contrário do que viria a acontecer logo em seguida, eles tocam sem serem ofuscados pela gritaria das fãs – algo que se tornaria uma constante até o fim de sua carreira de shows. Além disso, numa surpresa, aceitam pedidos da platéia. Bloomfield, hoje com 71 anos, contou toda a aventura para gravar o show (o que fez sem pedir permissão à escola ou mesmo aos músicos ou a seu empresário) ao programa The Front Row, da BBC, que reproduziu trechos da fita e também entrevistou Mark Lewisohn, historiador especialista em Beatles e uma das únicas pessoas a terem ouvido a íntegra da fita. Para Mark, a tecnologia atual pode aprimorar e muito a qualidade de som da gravação, o que abre a porta para, um dia, o show em Buckinghamshire ser disponibilizado para o mundo inteiro ouvir. A tempo: os Beatles receberam 100 libras pela apresentação.
– Semanas atrás você leu aqui sobre as descobertas contidas num roteiro “perdido" de E O Vento Levou, clássico do cinema americano. Pois agora chegou a vez de conhecer um pouco sobre as únicas sequências de faroeste rodadas pelo mestre italiano Federico Fellini. O que só se torna possível graças ao cineasta espanhol Juan Manuel Chumilla-Carbajosa, que comprou num sebo romano um punhado de negativos de fotos em preto e branco onde, mais tarde, identificou imagens mostrando o diretor com chapéu de caubói, cercado de carruagens num cenário representando uma cidade do Velho Oeste, abraçando o ator britânico Terence Stamp. Juan Manuel percebeu que estava diante de um trecho filmado mas nunca incluído no curta Toby Damnit, parte da compilação Histórias Extraordinárias, inspirada em contos de Edgar Alan Poe, que contém, ainda, curtas dirigidos por Roger Vadim e Louis Malle. No curta de Fellini, Stamp vive um ator inglês que vai a Roma para receber um prêmio e conhecer os produtores que o contrataram para estrelar o primeiro western católico do mundo. O El Pais detalha toda a jornada de Juan Manuel, a partir do momento em que descobre o tesouro que tem nas mãos.
– Piratas queer, mulheres piratas, piratas de cor. Seriam os piratas um exemplo de diversidade? Uma nova exposição, aberta no The National Maritime Museum, em Cornwall, no sudeste da Inglaterra, explora as atividades ocorridas durante a chamada era de ouro da pirataria – entre 1650 e 1730 – nos oceanos Atlântico e Índico, e mostra que os piratas existiam “nas sombras, à margem da sociedade, criando sua própria contracultura”, e que a narrativa tradicional ignora personagens com “ressonâncias queer”. Já os piratas negros em posição de comando podiam ser poucos, mas boa parte de algumas tripulações de navios piratas era composta de negros.
– De 1973 a 1979, a revista Viva levou às bancas dos Estados Unidos textos feministas – assinados por autoras como Betty Friedan e Erica Jong – , matérias sobre grupos anti-estupro e circuncisão feminina, mais fotos de nus frontais de homens e conselhos sexuais que iam direto ao assunto. Era a antítese da revista feminina tradicional – e um barril de pólvora ainda mais potente por ser publicada pelo mesmo Bob Guccione à frente da Penthouse, a maior concorrente da Playboy e bem mais explícita e provocadora. A ascensão e queda da Viva são assunto do excelente podcast Stiffed, produzido e apresentado pela jornalista Jennifer Romolini.
– E fechamos com outra gravação musical histórica, reveladora e recém-descoberta: chegou esta semana às plataformas digitais – e foi lançado também em CD – Ao Vivo no SESC 1998, registro de apresentação de João Gilberto no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, com 36 faixas que mostram o mestre no auge da forma de seus 66 anos.
PLAYLIST FAROL 31
O Led se projeta para o futuro. BC Camplight floresce em Manchester. Brasil + Noruega. Leppard orquestral. O soul veterano de Bettye LaVette. O quarteto do Hewson mais moço. Pós-punk contemporâneo. Jenny Lewis vai a Nashville. O metal glam do Starbenders. E a despedida de Ryuichi Sakamoto.
Led Zeppelin – “The Song Remains The Same”– Meio século atrás, Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham eram os donos do mundo. Seu quinto álbum, Houses Of The Holy, chegou no final de março de 1973 para demonstrar que eles eram capazes de muito mais que o blues elétrico transbordando testosterona de “Whole Lotta Love” e mesmo das incursões acústicas, de tinturas folk, do álbum anterior, que havia dado ao mundo “Stairway To Heaven”. Agora, entravam no caldeirão até funk e reggae, ampliando o alcance do jogo de luz e sombra engendrado por Page na co-produção com Eddie Kramer, que dava ao Led uma nova sonoridade, diferente de tudo que havia feito antes, com fome de jogo e gana pelo futuro.
BC Camplight – “The Last Rotation of Earth”– Com a carreira e a vida pessoal em crise, Brian Christinzio trocou Filadélfia por Manchester – e os ventos da boa fortuna começaram a soprar a seu favor. A faixa-título de seu novo álbum traz um rock transatlântico indie sofisticado e elegante.
Gabriela Garrubo – “O Amor Ainda Espera” – Brasil e Noruega se encontram numa das faixas do novo EP do cantor e compositor Sondre Lerche, com a participação em destaque da brasileira/escandinava Gabriela.
Def Leppard – “Animal" – O quinteto de Sheffield regravou nos Abbey Road Studios alguns dos sucessos de seu estrelado repertório, acompanhados pela Royal Philharmonic Orchestra, com resultados não muito distantes dos obtidos em 1972 pela revisita a Tommy, do The Who, pela London Symphony Orchestra e um punhado de convidados.
Bettye LaVette – “Plan B” – Mais uma vez Steve Jordan – atual baterista dos Rolling Stones e experiente produtor – comanda as gravações de um irresistível álbum de blues e R&B da veterana cantora de soul, todo recheado com músicas de Randall Bramblett, compositor e instrumentista do estado da Georgia que trabalhou com artistas como Gregg Allman, Robbie Robertson, Stevie Winwood e Bonnie Raitt.
Inhaler – “These Are The Days” – Elijah Hewson, vocalista e frontman deste quarteto de indie rock de Dublin, na Irlanda, é filho de Bono, e o DNA musical da família é evidente. Mas em seu segundo álbum, Cuts & Bruises, o grupo tem sonoridade própria e o vigor da juventude que o U2 já deixou na poeira da estrada.
DEADLETTER – “The Snitching Hour” – Queridinho da BBC6, o sexteto britânico soa como se estivesse em pleno pós-punk dos anos 1980, algo entre Gang of Four e Rezillos.
Jenny Lewis – “Psychos” – Esta amostra do quinto álbum solo de Jenny, Joy’all, em clima country rock e devidamente gravado em Nashville, lembra muito “Trouble", de Lindsey Buckinhgam, apoiada numa irresistível pedal steel guitar, cortesia de Greg Leisz e Jon Brion.
Starbenders – “The Game” – O quarteto de Atlanta lembra, num primeiro momento, uma versão mais jovem do Rush, mas, impulsionado pelo vozeirão de Kimi Shelter ("Gimme Shelter”, sacou?), e com muito peso, o grupo acaba se aproximando mais do metal glam dos anos 1980.
Ryuichi Sakamoto – “20220302”– Perdemos, dias atrás, aos 71 anos, Sakamoto, pianista e compositor, um dos mais conhecidos e respeitados músicos japoneses contemporâneos. Pioneiro da música eletrônica – à frente da Yellow Magic Orchestra – , expandiu seus horizontes ao trabalhar como ator (com destaque para Merry Christmas, Mr. Lawrence, de Nagisa Oshima, onde contracenou com David Bowie) e compositor de trilhas sonoras de filmes (compartilhou com David Byrne e Cong Su um Oscar pela música de O Último Imperador) e ao incorporar a sua formação clássica e seu ouvido pop a encontros com outras culturas, inclusive a brasileira (gravou com Caetano Veloso e Jacques Morelenbaum). Desde que começou a conviver com o câncer, Sakamoto começou a gravar uma trilogia de álbuns com faixas instrumentais impressionistas, elegíacas, uma forma de começar a se despedir de seu público.