A ascensão meteórica e a queda vertiginosa de um ídolo musical que media apenas 1m 12cm de altura
Cantor romântico de imensa popularidade na América Latina, na África e nos Estados Unidos, o mineiro Nelson Ned morreu esquecido pelo público brasileiro. Um novo livro tenta mudar isso
Pouquíssimos cantores brasileiros tiveram tamanho sucesso fora de seu país. Entre 1972 e 1986, porém, ele reinou absoluto, imbatível, insuperável. Ninguém chegava a seus pés.
Durante esse período, na América Latina, nos Estados Unidos e na África, o mineiro Nelson Ned foi um colosso de popularidade, capaz de arrastar 80 mil pessoas para um show ao ar livre na Colômbia, de lotar o Carnegie Hall, em Nova York, quatro vezes, e de fazer 24 noites de shows no México, com três apresentações, cada. Seu grande sucesso, “Tudo Passará”, ganhou versões em 40 línguas diferentes.
Tudo isso fazendo um tipo de música romântica mais conhecida como brega, de gosto duvidoso, considerada cafona e vista com desprezo pela crítica brasileira. E tudo isso medindo apenas 1m 12 cm de altura, o reflexo de um nanismo que contrastava com a enormidade de sua voz e com a imensidão de seu sucesso.
Esse Pequeno Gigante da Canção – apelido dado pelo ator Paulo Gracindo – teve sucesso absoluto nas TVs, nas rádios e nas paradas de sucesso, especialmente nas latino-americanas, durante décadas, mas morreu esquecido em seu próprio país, em 2014, aos 66 anos, num hospital em Cotia, no interior de São Paulo.
Agora, o jornalista André Barcinski resgata a jornada de Nelson num livro generoso em informação e em intenção, o recém-lançado Tudo passará - A vida de Nelson Ned, o Pequeno Gigante da Canção.
A ideia do novo livro surgiu em 2011, durante a feitura de outro. Quando estava entrevistando artistas para escrever seu Pavões Misteriosos - 1974-1983: a explosão da música pop no Brasil, André esteve com artistas que pertenciam a uma linha mais romântica, como Odair José, "e eu queria entrevistar o Nelson, apesar dele não ser um cantor pop, até por curiosidade pessoal", ele conta, por videochamada. Demorou quase um ano para conseguir falar com Ned.
O autor não tinha ideia da gravidade da situação do artista, àquela altura. Nelson sofria de Alzheimer, tinha perdido a visão de uma dos olhos e precisava de cadeira de rodas para se locomover. A conversa rendeu 25, 30 minutos, até André perceber que o cantor começava a “ratear” e passava a misturar um pouco as coisas. Exatamente como havia alertado a irmã de Nelson que organizou o encontro.
Tempos depois, André leu uma autobiografia de Nelson, feita após o artista ter-se convertido ao evangelismo, e comoveu-se com as passagens sobre a família de Ned. Especialmente, a maneira como os pais administraram a vida do primogênito, o único de sete irmãos que nasceu com nanismo.
"Estamos em 2023. Agora, imagina o que deveria ser bullying em crianças com nanismo na escola nos anos 1950”, explica André. "Apanhava. 'Anãozinho!'. Era uma coisa assim”.
Tanto que a avó de Nelson propôs à mãe dele que contratasse uma professora particular para o filho. Mas a mãe se recusou e disse ao filho que não iria criar um mundo para ele, mas, sim, iria criá-lo para o mundo – e proibiu qualquer favorecimento a Nelson. Se ele tivesse que pegar alguma coisa numa estante alta, buscava uma escada e ia lá, por conta própria. E ele continuaria a brincar com as outras crianças.
A música entrou bem cedo na vida de Nelson. Aos três anos ele já se apresentava cantando na Rádio Educadora, em Ubá. Em cima de uma cadeira. Aos oito, Nelson tinha participações semanais na rádio. E quando a família se mudou para Belo Horizonte, em 1960, ele passou a ser atração da TV Itacolomi. "Ele tinha 14 anos e parecia ter dois”, observa Barcinski.
Depois, Nelson arrumou um emprego como office-boy na Lacta, fabricante de chocolates, e logo tornou-se garoto-propaganda da marca, apresentando-se do alto dos caminhões de distribuição que vendiam o doce na porta das escolas. Virou uma espécie de fenômeno na cidade, o “menino-anão da voz de ouro”. Um acidente de trânsito, envolvendo o caminhão que transportava Nelson para um desses mini-shows, machucou muito o menino e os médicos aconselharam a família dele a levá-lo para o Rio de Janeiro, onde banhos de mar ajudariam em seu tratamento. Dito e feito: ele mudou-se para a então capital do país e foi morar com os tios. E logo no ano seguinte, 1964, estava gravando um disco pela Philips, onde cantava canções de Lamartine Babo, Ary Barroso e outros, batizado de Um Show de 90 Centímetros (título emprestado de uma reportagem sobre Ned publicada na revista O Cruzeiro). Na capa do disco, Nelson aparecia segurando uma fita métrica. Embora protestasse que media mais – um metro e 12 centímetros, para ser mais exato –, o presidente da gravadora, Ismael Corrêa, usou um argumento persuasivo. “Se a gente disser que você mede menos que um metro vai vender muito mais discos”.
É ai quando Nelson resolve compor suas próprias músicas. Canções sobre o fato dele ser anão. Canções de rejeição. E o segundo álbum de Ned, Tudo Passará, de 1969, “é inteiro sobre isso”, explica André.
Durante esse período de transição, de intérprete a autor de suas próprias músicas, Nelson teve grande ajuda de Chacrinha – que sempre abria espaço para o cantor em seus programas e chegava a pagar as roupas para Ned vestir. “O Chacrinha me deu uma chance e me deu o que comer. Eu devo muito a ele”, disse Nelson, numa entrevista. "Foi muito difícil ser cantor de música brega e anão neste país.” No entanto, embora se sentisse preterido pelos artistas mais distantes de seu estilo bolerista e se visse ridicularizado pela elite cultural do país, Nelson ia ganhando fama dentro e fora do Brasil.
Empresário de 10 entre 10 estrelas da música romântica (de Aguinaldo Timóteo a Wanderley Cardoso, a quem teria descoberto), Genival Mello propôs nessa época que Nelson fosse para São Paulo, um mercado promissor, repleto de boates. E lá ficavam a TV Bandeirantes, para onde havia se mudado Chacrinha, depois que a Globo fechou as portas para atrações mais populares, e a TVS (mais tarde, SBT), de Silvio Santos, outro porto seguro.
“Nunca cantei em programa da Jovem Guarda. Por quê? Por discriminação”, Nelson ralhou, certa vez, mostrando a ferida do seu rancor.
Quando chegou a nova década, o mercado internacional se abriu para Nelson. Em 1970, ele se apresentou num festival latino realizado em Nova York. Embora não tenha ganhado o festival, tornou-se a grande atração do evento e saiu dali com vários contratos para shows nos Estados Unidos e na América Latina. Como resultado, fez 23 noites seguidas no Centro Espanhol em Miami, e fez uma temporada no Cassino Royal, na Cidade do México – o maior e mais famoso do país – para cantar ao longo de 24 noites consecutivas, com três apresentações por noite. Virou uma bola de neve rolando mundo afora.
No ano seguinte, quando chegou pela primeira vez a Angola, na África do Sul, acompanhado apenas de Genival, três mil pessoas o aguardavam no aeroporto. O que foi uma surpresa para os dois brasileiros. Além disso, ninguém em Luanda sabia como era Nelson, em pessoa, conheciam apenas sua voz no rádio. Os discos dele ainda não haviam sido lançados lá. Genival não pensou duas vezes: levantou Nelson nos ombros e disse a ele para cantar “Tudo Passará” a capella – sozinho, sem qualquer acompanhamento – na escada do avião. Foi uma epifania para o público no aeroporto, "que entrou em êxtase”, conta Barcinski, descobrir ali, daquele jeito, quem era o ídolo que tinham vindo recepcionar.
Mas na passagem dos anos 1970 para 1990 Nelson havia se transformado em alguém arrogante – cercado de admiradores bandidos (Pablo Escobar) ou ditadores sanguinários (Baby Doc Chevalier) – e verdadeiramente perigoso. Em sua mansão no Alto da Boa Vista, em São Paulo, onde guardava um arsenal de quatro armas (uma pistola Beretta, um revólver 22, um Colt 45 e um revólver 38 preto, que chamava de Pelé), Ned consumia quantidades industriais de cocaína.
“Nelson sofria de dores fortes, o tempo todo, como se todos os ossos batessem, uns nos outros, sempre”, conta André. "E por isso começou a injetar morfina nas costas. Daí, passou a cheirar cocaína, também para aliviar a dor”.
Até que chegou o momento em que Nelson se converteu ao evangelismo, abrindo mão de todos os excessos, no decorrer da década de 1990. E, no final, esse tornou-se seu derradeiro público fiel.
A partir do momento de sua conversão, diminuiu muito a popularidade de Nelson no mercado latino-americano, que era seu forte, "porque há 30 anos ele não grava – o último disco secular dele é de 1993”, argumenta Barcinski. "Mas para a comunidade evangélica, ele ainda é muito forte. Os discos religiosos que ele gravou na década de 1990 continuam muito populares. Ele ainda tem quase um milhão de seguidores no Spotify, impressionante, e as coisas de YouTube dele bombam. Sei pela família que o rendimento de royalties é bem decente para um cara que não grava há tanto tempo".
Enquanto isso, no Brasil, "as pessoas não sabem quem é ele, que foi compositor das próprias músicas”, lamenta André. "Agora, com o livro, a tendência é que haja uma revalorização, que as pessoas passem a regravar as músicas dele”.
O livro de André está sendo base para dois filmes – um documentário e um dramatizando a vida do artista – e já se fala em transformá-lo num musical.
"A história dele é tão dramática, com múltiplas dimensões, que você nem precisa gostar da música dele para gostar do filme”, explica André. "É uma história de superação. Ao mesmo tempo, ele não era panfletário, nunca foi um ativista dos direitos das pessoas com nanismo. Ele simplesmente era o que ele era".
José Emilio Rondeau
Edith Piaf narra sua própria história – através da Inteligência Artificial. Cujo uso, no Brasil, desclassifica uma obra de um concurso literário. Os cinemas da vida de Carlos Mir. Uma letra inédita de Moraes Moreira para um samba em homenagem a Moreira da Silva e João Nogueira. Tears for Fears ganham musical. E o crescimento do mercado de shows na China beneficia o comércio informal.
– A Warner anunciou a produção de uma cinebio de Edith Piaf, feita em animação, e utilizando Inteligência Artificial para reproduzir a voz e a imagem da protagonista. Aprovado pelo espólio da estrela francesa e com roteiro de Julie Veille e Gilles Marliac, Edith será narrado pela própria Piaf – ou melhor, por sua versão em IA – e mostrará sua vida dos anos 1920 aos 1960, em Nova York e em Paris, usando, além da animação, material de arquivo, que inclui entrevistas e apresentações na TV e imagens do acervo da família dela. "A tecnologia faz parecer que estamos numa sala junto com (Piaf)”, entusiasmou-se a dupla de executores do espólio da legendária cantora, Catherine Glavas e Christie Laume.
– Enquanto isso, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) marcou um tento contra o uso da Inteligência Artificial na literatura ao desclassificar da disputa pelo Prêmio Jabuti, na categoria de melhor ilustração, a obra Frankenstein, cujos desenhos foram criados com IA. As regras da premiação estabelecem que casos não previstos no regulamento sejam deliberados pela curadoria – e a avaliação de obras com IA não estava nessas regras. A CBL afirmou que debaterá o uso de novas tecnologias para os próximos anos. O designer Vicente Pessôa, responsável pelas ilustrações do livro desclassificado, argumenta que não havia informações no edital proibindo o uso de IA. “Se eles desclassificaram agora, mudaram a regra no meio do jogo. E a organização está me punindo pelo seu próprio descuido, o que não é exatamente justo”.
– Barcelona, na Espanha, já teve 160 cinemas. E Carlos Mir lembra de todos eles em seu delicioso livro, o recém-lançado Los Cines de Mi Vida, recheado de verbetes curtos mas de muito carinho e conhecimento de causa. Jornalista veterano, especializado em cobertura cinematográfica, Carlos literalmente nasceu num cinema, em 1948, quando rompeu a bolsa de água de sua mãe em meio à sessão da tarde no Cine Astoria. O autor lista desde o diminuto Alexis – que tinha apenas 143 lugares – a palácios da sétima arte, como o Urgell, onde cabiam 1.800 pessoas por exibição, e faz, assim, uma panorâmica do que havia à disposição do público cinéfilo nas décadas de 1950 e 1960 na cidade catalã.
– Uma letra inédita de Moraes Moreira para um samba em homenagem a João Nogueira e Moreira da Silva foi encontrada em caderno deixado pelo baiano, com correções feitas à mão pelo compositor. “Samba no Céu” é uma homenagem aos dois sambistas escrita no mesmo mês em que morreram, com pouco tempo de diferença entre um e outro – junho de 2000. A descoberta do texto inédito coincide com as vésperas da montagem no Rio de Janeiro da exposição Mancha de dendê não sai – Moraes Moreira, que esteve em cartaz em Salvador de agosto até o início de novembro. A mostra proporciona uma imersão na história da música popular e da cultura brasileira, por meio da vida e da obra do artista.
– A música da dupla Tears for Fears – que retornou à ativa no ano passado, com o álbum The Tipping Point e uma turnê mundial – é a base para o espetáculo musical LoveTrain2020, criado pelo coreógrafo israelense Emmanuel Gat, baseado em Marselha, na França. O ponto de partida foi Gat ter ouvido, por acidente, "Sowing The Leeds of Love”, sucesso de 1989, e ter ficado impactado pela qualidade da música e por sua mensagem positiva. “É uma música muito forte, não deixa muito espaço. Chupa todo o ar do ambiente. É mais fácil coreografar (o compositor francês de música erudita) Pierre Boulez do que Tears for Fears", explica Emmanuel.
– O crescimento exponencial dos shows de música na China pós-COVID está beneficiando, e muito, uma economia paralela: a dos ambulantes ou comerciantes instalados em barquinhas precárias e mesmo em malas de carros estacionados que ficam nos arredores dos ginásios e estádios durante os shows, semelhantes aos que circundam os estádios de futebol no Brasil em dias de partida. Mas há uma série de diferenciais, em termos de números e de produtos oferecidos por esse comércio informal. Vende-se de tudo: de água a prendedores de cabelo. Um ambulante oferece decalques com tatuagens de imagens ligadas ao artista que está se apresentando naquela noite. Outro faz tranças nos cabelos longos das meninas. Tudo impulsionado pelo fôlego cada vez maior da indústria de shows. Segundo a China Association of Performing Arts, somente no primeiro semestre de 2023 aconteceram 190 mil shows no país, acima de 400% a mais do que no ano passado. Outro levantamento aponta para um faturamento superior a 12 bilhões de dólares para o mercado de shows até o fim de 2023. O governo chinês enxergou aí uma oportunidade para estimular esse tipo de comércio, relaxando as regras existentes.
PLAYLIST FAROL 61
O rock'n'roll divertido do The Struts. A melancolia britânica de Bill Ryder-Jones. O folk hipnótico de ØXN. Sinkane traz sua balada com tons de jazz e R&B. Clarissa Connelly mergulha na mitologia Celta. O R.E.M. comemora os 25 anos de Up. O pop psicodélico de Michael The Band. A volta de El Último De La Fila. O amor absoluto de The Bathers. E os Beatles soando … diferentes.
The Struts – “Too Good At Raising Hell”– Rock’n’roll sem culpa de ser divertido e feito por um quarteto de Miami (logo transplantando para Los Angeles) para ser curtido e dançado, com produção do mesmo Julian Raymond que já trabalhara com ases do pop-rock, como Fleetwood Mac e Cheap Trick.
Bill Ryder-Jones – “This Can’t Go On“ – Melancolia britânica e elegante, cortesia do ex-integrante do aclamado The Coral, numa amostra de seu sétimo álbum, Iechyd Da (Boa Saúde, em galês), que sai em janeiro.
ØXN – “Love Henry”– O quarteto irlandês, de Dublin, faz em seu single de estreia um folk hipnótico – sobre um personagem da Idade Média que recusa o amor de uma moça e, por isso, é assassinado por ela –, que vai sendo tecido com cuidado, aos poucos, fazendo a tensão crescer, até atingir um clímax majestoso.
Sinkane – “Everything Is Everything”– Sudanês-americano, Ahmed Gallab traz uma balada com tons de jazz e R&B para falar da condição negra nos Estados Unidos, arranjada com cordas e vozes elegantes em torno de uma percussão insistente, urgente.
Clarissa Connelly – “Wee Rosebud”– Escocesa mas baseada na Dinamarca, Clarrisa cria uma inebriante tecitura vocal que soa ao mesmo tempo tribal, clássica e religiosa, inspirada na mitologia Celta.
R.E.M. – “Lotus”– Up, o 11º álbum da banda de Athens, Georgia, que expandiu seu império alternativo para tornar-se uma das maiores atrações do rock americano, ganhou reedição comemorativa de 25 anos que inclui a íntegra de sua apresentação no The Palace, em Los Angeles, quando o grupo foi gravar sua participação no programa de TV Party of Five, em 1999.
Michael The Band – “You’re A Dream” – Utilizando singspeak – um canto falado, ou uma fala cantada – que situa os vocais entre Leonard Cohen e Lou Reed, o grupo de Seattle conquista o ouvinte em seu segundo álbum, Tough Trust, com um pop psicodélico cativante.
El Último De La Fila – “Navaja de papel”– Um dos maiores nomes do pop-rock espanhol dos anos 1980 e 1990, o El Último De La Fila (nome ótimo) pendurou as chuteiras em 1998, alegando “razões de higiene artística”. Vinte e cinco anos depois, seu núcleo principal – o vocalista Manolo Garcia e o guitarrista Quimi Portet – voltou a se reunir e lançou um álbum com regravações de 24 destaques de seu repertório, Desbarajuste Piramidal.
The Bathers – “Garlands”– Amor absoluto, apaixonado, movem esta faixa romântica, impulsionada por cordas e vocais cintilantes – e pela voz bem vivida de Chris Thomson, líder do grupo de Glasgow, na Escócia.
The Beatles – “I Am The Walrus" – A reboque de “Now And Then”, foi relançada a dupla de coletâneas dos Beatles que tornou-se conhecida como O Álbum Vermelho e O Álbum Azul. As novas versões trazem faixas adicionais e mixagens recém-feitas pelo incontornável Giles Martin (também em Dolby Atmos), muitas delas usando a mesma tecnologia MAL (Machine-Aided Learning) utilizada na feitura da "última música" de John, Paul, George e Ringo como grupo. Em alguns casos – como em "I Saw Her Standing There” e “Ticket To Ride"–, o trabalho de Giles ajuda a destacar instrumentos que antes haviam sido combinados a outros, na ginástica da mixagem com poucos recursos nos anos 1960, possibilitando, assim, apreciar-se melhor o estilo de Ringo ou a ambiência e o calor do estúdio na hora da gravação. Em outros, como em "I Am The Walrus”, revela camadas e texturas que não conhecíamos, o que resulta num olhar bem diferente de uma canção que o mundo conheceu pela primeira vez em 1967. Melhor que o original? Digamos que … diferente.